Teletrabalho docente e qualidade do ensino no pós-pandemia
Embora o trabalho remoto não seja um fenômeno recente, as condições sanitárias durante os anos de 2020/21 forçaram governos e empresas a impor regimes de teletrabalho para milhares de docentes, que passaram a ensinar de suas casas, em muitos casos, com pouca ou nenhuma preparação ou meios para tal. Esta realidade nos permite refletir sobre inúmeros aspectos do teletrabalho no processo educativo, e, dentre eles, a possibilidade de novos arranjos em termos de modalidades de trabalho, ensino online, currículo escolar e universitário que atendam às novas demandas de qualidade de vida e aprendizagem na era digital. Diversos autores ressaltam que a qualidade de vida dos docentes influencia na qualidade do processo educativo e nos níveis de aprendizagem dos estudantes e há pesquisas que destacam ainda o impacto do teletrabalho na economia de custos das instituições e de governos. Diante da complexidade desta temática, e na busca de entendimento quanto ao fenômeno do teletrabalho docente, a presente pesquisa baseia-se na análise de questionário semiestruturado aplicado à docentes que vivenciaram o teletrabalho no Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, na tentativa de contribuir com o campo de pesquisa ao analisar o impacto do teletrabalho na qualidade de vida de professores e suas consequências para o processo de ensino-aprendizagem. O questionário foi dividido em quatro sessões, agrupando perguntas relacionadas às temáticas sobre perfil docente, apoio institucional, qualidade de vida no teletrabalho e processo de ensino-aprendizagem. Após análise e filtragem dos resultados conclui-se que parece existir relação direta entre a capacitação docente para o ensino digital em teletrabalho oferecida pela instituição empregadora e a melhoria da aprendizagem dos alunos. Conclui-se também que a maioria dos docentes consideram permanecer em teletrabalho mesmo após o fim da pandemia, e que este interesse aumenta nos grupos de docentes que tiveram a percepção de melhorias na qualidade de aprendizagem dos seus alunos, comparativamente ao ensino presencial. Por fim, sugere-se, com base nas análises realizadas, que haja investimentos em equipamentos e qualidade de acesso à internet, assim como oferta de capacitação de docentes, e também de estudantes, para o ensino e a aprendizagem digital, assim como adequação das instituições e currículos a fim de garantir o regime de teletrabalho docente no pós-pandemia.
Teletrabalho docente e qualidade do ensino no pós-pandemia
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DOI: 10.22533/at.ed.0892225117
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Palavras-chave: teletrabalho; ensino; docente; aprendizagem; educação digital
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Keywords: teleworking; teacher; teaching; learning; digital education
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Abstract:
Although telecommuting is not a recent phenomenon, sanitary conditions during the years 2020/21 forced governments and companies to impose telecommuting regimes for thousands of teachers, who started teaching from their homes, in many cases, with little or no preparation or means to do so. This reality allows us to reflect on numerous aspects of telework in the educational process, and, among them, the possibility of new arrangements in terms of work modalities, online teaching, school and university curriculum that meet the new demands for quality of life and learning in the digital age. Several authors point out that the quality of life of teachers influences the quality of the educational process and the levels of student learning, and there are studies that also highlight the impact of telework on the cost savings of institutions and governments. Given the complexity of this theme, and in the search for understanding the phenomenon of teleworking teachers, this research is based on the analysis of a semi-structured questionnaire applied to teachers who have experienced telework in Brazil, Cape Verde, Mozambique and Portugal, in an attempt to contribute with the research field by analyzing the impact of telework on the quality of life of teachers and its consequences for the teaching-learning process. The questionnaire was divided into four sessions, grouping questions related to the themes of teacher profile, institutional support, quality of life in teleworking and the teaching-learning process. After analyzing and filtering the results, it is concluded that there seems to be a direct relationship between teacher training for digital teaching in telework offered by the employing institution and the improvement in student learning. It is also concluded that most teachers consider remaining in telework even after the end of the pandemic, and that this interest increases in the groups of teachers who had the perception of improvements in the quality of learning of their students, compared to face-to-face teaching. Finally, it is suggested, based on the analyzes carried out, that there be investments in equipment and quality of internet access, as well as the offer of training for teachers, and also students, for digital teaching and learning, as well as the adequacy of institutions and curricula in order to guarantee the teaching telework regime in the post-pandemic.
- FABIO BATALHA MONTEIRO DE BARROS