O presente estudo propõe-se

examinar como se constitui a identidade

e subjetividade do negro nos ladrões do

Marabaixo à luz de pressupostos da Análise

do discurso de base francesa. Essa discussão

é um desdobramento de trabalhos anteriores

sobre os discursos presentes nos currículos

que legitimam a lei 11.645/2008 em relação

ao ensino da História e Cultura afro-brasileira

e Africana. Consideramos o Marabaixo,

manifestação da cultura afro-amapaense, como

um saber possível de ser escolarizado nas

aulas de Português, tomando como objeto de

ensino os ladrões das músicas do Marabaixo,

a fim de atender a valorização da diversidade

étnica específica do estado do Amapá e,

principalmente, a construção da identidade

e subjetividade do povo negro deste estado.

Acreditamos que a subjetividade do sujeito

negro nos ladrões das músicas do Marabaixo

constitui-se de vozes discursivas que vão de

encontro com as representações de discursos

que legitimam o racismo e a desvalorização dos

afrosaberes no Brasil. Assim, este estudo, ainda

que modestamente, almeja contribuir para uma

reflexão da importância da escolarização dos

afrosaberes como maneira de construir novas

representações que rompam com imagens

folclóricas e estereotipadas da cultura afrobrasileira.