Sobre o Luto: Considerações da Psicopatologia Fundamental
A elaboração do luto nos dias atuais
está cada vez mais difícil frente às constantes
demandas de bem estar que nos são impostas,
obrigando-nos a superar rapidamente o
sofrimento e a dor sem antes construirmos
um novo sentido diante da morte de alguém
que se ama. Em um contexto que privilegia o
diagnóstico do sofrimento e o enquadramento
dos sintomas em uma ordem pré-estabelecida
que favorece a exclusão da subjetividade,
a Psicopatologia Fundamental se origina
com o propósito de erigir uma outra visada
clínica do sofrimento humano. A consideração
sobre a natureza filogenética do luto ajuda a
compreender como este processo é possível de
ser pensado para além daquilo que a psicanálise
costuma tratar costumeiramente em sua clínica,
isto é, o luto como reação frente a perda de um
ente querido. Esse processo remete à própria
formação psicopatológica do humano e, da
mesma maneira que atuou de forma a inaugurar
o homem no animal, em cada sujeito surge um
novo eu após a sua reação frente a perda de
seus objetos. Estar em luto é, portanto, também
estar em constante (re)criação como sujeito,
(re)cria-se dimensões subjetivas como forma
de encontrar um equilíbrio pulsional após o
trauma.
Sobre o Luto: Considerações da Psicopatologia Fundamental
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DOI: 10.22533/at.ed.65719110324
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Palavras-chave: Luto, Sofrimento psíquico, Psicopatologia Fundamental, Psicanálise.
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Keywords: Grief, Psychic suffering, Fundamental Psychopathology, Psychoanalisys.
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Abstract:
The elaboration of mourning in the
present day is increasingly difficult in the face
of the constant demands of well-being that are
imposed on us, forcing us to quickly overcome
suffering and pain without first constructing a
new meaning before the death of one who loves
himself. In a context that favors the diagnosis of suffering and the framing of symptoms
in a pre-established order that favors the exclusion of subjectivity, Fundamental
Psychopathology originates with the purpose of erecting another clinical view of human
suffering. Considering the phylogenetic nature of mourning helps to understand how
this process is possible to be thought beyond what psychoanalysis usually treats in its
clinic, that is, mourning as a reaction to the loss of a loved one. This process refers
to the psychopathological formation of the human being, and in the same way that
he acted in order to inaugurate man in the animal, in each subject a new self arises
after its reaction to the loss of its objects. Being in mourning is therefore also being
in constant (re) creation as a subject, (re) creating subjective dimensions as a way of
finding a drive balance after the trauma.
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Número de páginas: 15
- Camila da Silva Ferrão
- Giovanna Silva Segalla
- Maria Virginia Filomena Cremasco
- André Victor Machado