Arquivo testemunhal e elemento inegavelmente necessário à toda paisagem cultural comunitária, o cemitério transcende sua função utilitária primordial quando explorado à luz da simbologia e da semiótica. Linguagem, arte e religiosidade constituem apenas alguns olhares possíveis, mas que revelam e descortinam práticas rituais, expressões culturais e sincretismos plurais expressos na última morada, no lugar de repouso eterno. Disto partindo, nos propomos a dialogar com a simbologia cemiterial presente na região do Contestado evidenciando, teoricamente, aspectos materiais e intangíveis em forma de objetos, elementos e rituais cuja significação funciona como gatilho e extensão da memória, sugerindo uma reflexão sobre o campo santo para além do assombro e do temor midiático. Defendemos a categorização do cemitério enquanto patrimônio cultural das comunidades a partir do direito à memória e da Educação Patrimonial, elencamos perspectivas conceituais e sugerimos dimensões de análise empírica destes lugares de memória.