Este texto resulta da sistematização

das minhas interlocuções com os discentes

na orientação dos estágios supervisionados

do curso de licenciatura em Pedagogia

da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri, no período de 2014

a 2016. Na organização das atividades do

estágio são elencados os documentos (projeto

pedagógico, planos de aula) e rotinas a serem

observados e analisados no contexto da escolacampo,

a partir de um roteiro de observação

composto por quatro eixos: “gestão da escola”,

“infraestrutura”, “relações interpessoais” e

“práticas pedagógicas”. Os seminários de

integração, construídos a partir dos eixos

propostos, visam articular as observações

e registros das práticas na escola-campo

e a formação para a docência no curso de

Pedagogia. Na discussão apresentada focalizo

o eixo “práticas pedagógicas”, cujo propósito é

debater o fazer docente em relação ao projeto

pedagógico da escola, especificamente, no

que tange ao trabalho com as sexualidades

e gêneros nos anos iniciais do Ensino

Fundamental. Os apontamentos das análises

realizadas evidenciam que, no currículo da

escola, têm exclusividade as possibilidades

heterossexuais e cisgêneras na construção das

identidades de gênero e sexuais. Penso que as

constatações deste trabalho podem fomentar

discussões necessárias e urgentes sobre as

formas como a escola tem se organizado para

lidar com esse “sujeito integral” que perpassa os

discursos pedagógicos atuais, sobremaneira,

quando estão em pauta as identidades de

gênero e sexuais que não se enquadram nos

padrões socialmente legitimados.