SENTIDOS RETÓRICOS NAS LETRAS ALEMÃS DO MEDIEVO: CAMINHOS PARA A INTERPRETAÇÃO RETÓRICA DOS ROMANE CAVALEIRESCOS EM MÉDIO ALTO ALEMÃO (MITTELHOCHDEUTSCH).
Este breve ensaio pretende acenar,
a partir da Nova Retórica e do Rhetoric Turn
dos anos 1990 na Medievística de expressão
francesa, para a possibilidade de reacessar,
reler e ressignificar a vultuosa Matéria
Cavaleiresca por meio de um prisma retóricodisciplinar.
Esse giro retórico floresce, em
nossos dias, de uma tendência de grande
fortuna crítica nas Ciências Humanas durante
os anos 1980, o Linguistic Turn. O ofício do
historiador se constitui, no fundo, em um
permanente exercício de metalinguagem,
ou seja, linguagem historiográfica – insistase
, uma analítica crítico-metódica, portanto
científica, da finitude de nosso próprio Dasein
- que se flexiona sobre as diversas camadas de
linguagem e de relações sociais por meio dela
concretizadas, que forjam o grande palimpsesto
multitemporal dos “agoras” históricos. A partir
desta premissa, nossa proposta consiste em
dissecar qual a tensão de discursos retóricodisciplinares,
pensados enquanto conjuntos
sintaticamente coerentes e instituidores de um
imaginário/ideologia, que subjaz às narrativas
cavaleirescas alemãs. Sendo as ações sociais
mediadas pela linguagem e construídas
cotidianamente como condutas governadas
pelas expectativas quanto ao comportamento
dos demais atores sociais (Max Weber),
compreender as tensões e os compromissos
entre os dois ethoi cavaleirescos latentes
nestes escritos, significa, propriamente, erigir
uma teoria da ação social sistêmica no seio do
Feudalismo imperial entre os séculos XI e XIII.
Deste modo, procuramos, tendo sempre em vista
a concepção de desenvolvimentos desiguais e
contraditórios no seio do Sistema Feudal (Alain
Guerreau), apresentar uma hipótese heurística
nova, que dialogue com a Teoria Literária, mas
dela se distinga em virtude de seu ângulo de
análise e ponto de partida metodológico, ambos
relativos à História.
SENTIDOS RETÓRICOS NAS LETRAS ALEMÃS DO MEDIEVO: CAMINHOS PARA A INTERPRETAÇÃO RETÓRICA DOS ROMANE CAVALEIRESCOS EM MÉDIO ALTO ALEMÃO (MITTELHOCHDEUTSCH).
-
DOI: 10.22533/at.ed.66020230113
-
Palavras-chave: Retórica Medieval; Matéria Cavaleiresca; Sacro Império Romano.
-
Keywords: Mediaeval Rhetorics; Chivalry; Holy Roman Empire
-
Abstract:
This brief paper aims st
pinpointing, based upon New Rhetorics and
the Rhetoric Turn of the 1990ies in the field
of French Mediaeval Studies, the possibility
of reassessing, rereading and resignify the vultuous Chivalric Matter by means of
a rhetorical-disciplinary prisma. Such Rhetoric Turn blossoms from a larger trend,
endowed with great critical fortune in Social Sciences during the 1980ies, the so-called
Linguistic Turn. Historian’s crafmanship does correspond, should we catch a glimpse
of its core, to a permanent metalinguistic excercise, that means, historiographical
language - which, we shall insist, is a critical-methodological, thus scientific, concerning
the finitude of our very Dasein – which leans on various layers of other languages
and the relative social relations crystallized under such linguistic/semiotic codes.
Hence the manifold historical “nows”. Our proposal consists of dissecting the clash of
rhetorical-disciplinary speeches, conceived as syntactically coherent communication
systems able to bring about an imaginary or ideology socially attempting to thrive
and become hegemonic. Our purpose shall be the research for this values collision
inside chivalric narratives. Aware of the fact that social action are ways of behavior
rising from the expectations about other people’s demeanors (Max Weber), spelling
out the impingements and compromises between the two chivalric ethoi underlying
theses narratives implies hammering up a systemic theory of social action in the bosom
of imperial Feudalism between the 11th. and 13th. centuries. This way, permanently
taking Allan Guerreau’s idea of unequal and contradictory developments within the
feudal system, we intend to present a new heuristic hypothesis.
-
Número de páginas: 10
- Marcus Baccega