A clonidina, agonista seletivo dos receptores a2-adrenérgicos, empregada como medicação pré-anestésica e na anestesia geral, é um adjuvante dos anestésicos locais para a realização de bloqueios espinhais amplamente utilizado. Apresenta como vantagens a melhora da qualidade do bloqueio e o prolongamento da anestesia e da analgesia pós-operatória, porém pode aumentar a incidência de hipotensão arterial e bradicardia. Sua associação com a bupivacaína hiperbárica para a realização de cirurgias de membros inferiores com garroteamento tem sido rotineira na prática clínica. O garrote pneumático é utilizado em procedimentos cirúrgicos ortopédicos a fim de minimizar a perda sanguínea e manter o campo cirúrgico claro e seco. Após a sua desinsuflação, pode haver hipotensão severa, bradicardia e mais raramente parada cardiorrespiratória. O objetivo deste estudo é avaliar as respostas hemodinâmicas após a desinsulflação do garrote em cirurgias de membros inferiores sob raquianestesia, com diferentes doses de clonidina, na tentativa de se estabelecer uma dose mais segura para a anestesia nesses procedimentos ortopédicos. Foram aleatoriamente alocados 72 pacientes em um dos seguintes grupos (G), de acordo com a dose de clonidina utilizada: G1 (n=20): placebo; G2 (n=18): clonidina na dose de 37,5 mcg; G3 (n=19): clonidina na dose de 75 mcg e G4 (n=15): clonidina na dose de 150mcg. Esses foram avaliados quanto as alterações hemodinâmicas em diferentes momentos, após o desgarroteamento dos membros inferiores. Os grupos se comportaram de forma semelhante em relação à idade, IMC, sexo. O G1 apresentou valores de PAS, PAD e PAM estatisticamente superior aos outros grupos, em todos os momentos analisados. As alterações hemodinâmicas observadas neste estudo foram semelhantes entre as diferentes doses de clonidina analisadas.