RELATOS DE VIAGEM: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS NA HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL PRÉ-COLONIAL
Este capítulo tem por objetivo tecer breves considerações acerca da utilização dos relatos de viagem na pesquisa da História da África Ocidental. Das interações decorrentes do desenvolvimento do comércio atlântico entre europeus e africanos, muitos relatos de viagem foram produzidos por comerciantes e viajantes europeus interessados em registrar informações de seu interesse sobre aquelas terras. Entre os inúmeros relatos, destacamos aqui o Descrição da Serra Leoa e dos Rios de Guiné do Cabo Verde de André Donelha e o Tratado breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde de André Álvares Almada, ambos do século XVI. Neste capítulo serão discutidos o estatuto de fonte conferido aos relatos de viagem produzidos por europeus e sua utilização e relevância para a elaboração de uma História da África Ocidental pré-colonial. Primeiro, é preciso refletir sobre as mudanças ocorridas na perspectiva da historiografia africanista acerca do uso de documentos produzidos por europeus. Por muito tempo, essa tipologia documental teve sua utilização desencorajada, pois se argumentava não ser possível a construção de uma História africana a partir de documentos europeus, uma vez que a análise ficaria limitada a visão que o europeu tinha sobre a África. As reflexões e conclusões que este capítulo procura discutir abarcam as mudanças metodológicas que tornaram possível a utilização de fontes europeias, pois novas compreensões e preocupações voltam nossa atenção a este tipo de documento. Partindo de metodologias próprias para a análise do discurso e da alteridade, é possível desconstrui-lo e realizar análises coerentes sobre as relações vividas e as transformações ocorridas na região, o que nos permite estudar a fundo as sociedades africanas.
RELATOS DE VIAGEM: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS NA HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL PRÉ-COLONIAL
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DOI: 10.22533/at.ed.0592119039
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Palavras-chave: Relatos de viagem; História da África Ocidental pré-colonial; Metodologia.
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Keywords: Travel Accounts; Pre-colonial West African history; Methodology.
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Abstract:
This chapter aims to present brief consideration concerning the use and of travel accounts in the research of pre-colonial West African History. From the interactions resulted by the development of the Atlantic trade between Africans and Europeans, many travel accounts were produced by travelers and commercial agents interested in registering important information about those lands. Among the countless reports, I highlight here the Description of Sierra Leone and the Rivers of Guinea of Cape Verde by André Donelha and the Brief Treaty of the Rivers of Guinea and Cape Verde by André Álvares Almada, both from the 16th century. In this chapter, we discuss the source status given to travel accounts produced by Europeans and its use in the writing of a pre-colonial West African History. First, it is necessary to make considerations on the perspective changes that have occurred in the Africanist historiography regarding the use of European sources. For a long time, the use of this type a document was discouraged, arguing it was not possible to write an African history from Europeans sources since the analysis would be limited to the European’s view of Africa. The reflections and conclusions this chapter seeks encompass the methodological changes that enabled the use of European sources, as new understandings and concerns about this type of document arise. Starting from specific discourse and alterity analysis methodologies, it is possible to deconstruct the accounts and carry out coherent analysis on the social interactions and transformations that occurred in the region, which allow us to study the African societies.
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Número de páginas: 9
- Lucas Aleixo Pires dos Reis