Relações de gênero e planejamento reprodutivo em relacionamentos heterossexuais: negociações, limites e o protagonismo feminino
O planejamento reprodutivo
compreende um conjunto de ações e formas
de regulação de fecundidade, dentre elas a
esterilização voluntária por meio da laqueadura
ou vasectomia. Neste artigo, objetivo
compreender como se apresenta o processo
de negociação do controle de fecundidade no
âmbito familiar, observando como os arranjos
de gênero se apresentam nessas escolhas.
Apresento alguns resultados de pesquisa de
mestrado sobre relações de gênero e a escolha
pela laqueadura por mulheres residentes
em Teresina – Piauí. Com isso, trago uma
abordagem quanti-qualitativa direcionada por
uma pesquisa documental e de campo através
das narrativas de vida de cinco mulheres
que vivenciam a maternidade e realizaram
a laqueadura pelo serviço público de saúde.
Os resultados encontrados, em escala local,
indicam a predominância da laqueadura como
método contraceptivo e a presença de serviços
públicos de saúde generificados, diante de
limites no fornecimento da vasectomia antes de
2015. Em relação às narrativas dessas mulheres,
os processos de negociação contraceptiva
entre o casal perpassam por silenciamentos e
reiterações de relações de gênero assimétricas,
marcadas pela diferenciação no grau de
responsabilidades, pelo significado do uso da
camisinha no casamento e pela resistência
à vasectomia - que aparecem atreladas à
ideia de perda da virilidade e à masculinidade
hegemônica. Diante disso e de limites em
outros métodos contraceptivos, a laqueadura
apresenta-se como um ideal contraceptivo
ao possibilitar minimizar algumas vivências
reprodutivas e da divisão sexual do trabalho
no ambiente doméstico, representando uma
autodeterminação em meio à disciplinamentos
e produzindo outros significados, relacionados
à uma maior autonomia.
Relações de gênero e planejamento reprodutivo em relacionamentos heterossexuais: negociações, limites e o protagonismo feminino
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DOI: 10.22533/at.ed.90119211110
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Palavras-chave: relações de gênero; reprodução; laqueadura.
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Keywords: gender relations; reproduction; tubal ligation.
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Abstract:
Reproductive planning comprises
a set of actions and forms of fertility regulation,
including voluntary sterilization through tubal
ligation or vasectomy. This article aims to
understand how the process of negotiation of fertility control in the family is presented,
observing how gender arrangements are presented in these choices. I present
some results of master’s research on gender relations and the choice of sterilization
by women living in Teresina - Piauí. With this, I bring a quantitative and qualitative
approach directed by a documentary and field research through the life narratives of
five women who experience motherhood and performed ligation by the public health
service. The results found on a local scale indicate the predominance of tubal ligation
as a contraceptive method and the presence of generalized public health services, due
to limits in the provision of vasectomy before 2015. Regarding the narratives of these
women, the contraceptive negotiation processes between the couple go through silences
and reiterations of asymmetrical gender relations, marked by the differentiation in the
degree of responsibility, the meaning of condom use in marriage and the resistance to
vasectomy - which appear linked to the idea of loss of virility and hegemonic masculinity.
Given this and limits in other contraceptive methods, sterilization is a contraceptive
ideal, as it allows to minimize some reproductive experiences and the sexual division
of labor in the domestic environment, representing a self-determination in the midst of
disciplines and producing other meanings, related to a greater autonomy.
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Número de páginas: 15
- Mary Alves Mendes
- SUZIANNE JACKELINE GOMES DOS SANTOS