Recompilando o futuro: O Pensamento computacional como parte do processo de educação de pessoas privadas de liberdade
Nas últimas décadas, foi possível observar um crescimento assustador da população prisional no Brasil, que saltou de 90 mil em 1990 para mais de 726 mil de pessoas em 2017. A grande maioria, 88% dessa população, não possuía o ensino básico completo e mais da metade sequer havia concluído o ensino fundamental. E apesar da eminente necessidade de melhoramento do nível de escolaridade dessas pessoas e de pesquisas indicarem uma redução considerável na probabilidade de reincidência criminal quando o apenado está envolvido em algum tipo de atividade educacional, em 2017, menos de 11% dos internos participavam de atividades educacionais no país. Pensando em reparar a ausência da educação na vida dessas pessoas, este trabalho apresenta a construção, aplicação e avaliação do curso Recompilando o Futuro, que tem como objetivo trabalhar as habilidades do pensamento computacional de pessoas que vivem em privação de liberdade, através da programação de computadores com a ferramenta Scratch. Tomando como base o princípio da teoria da aprendizagem do psicólogo norte americano Robert Mills Gagné e utilizando a gamificação como estratégias de engajamento, foi elaborado um material lúdico com o objetivo de despertar nesses alunos o gosto pelo estudo, fazendo assim com que essa prática se perpetue na vida do estudante. Graças a uma parceria firmada entre o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e a Secretaria de Estado da Justiça do Estado do Espírito Santo (Sejus), dez internos da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha-ES (PSVV) puderam ser capacitados profissionalmente em dezembro de 2019. Os resultados apurados nesta pesquisa surpreenderam os pesquisadores e até mesmo os profissionais da segurança pública, ao mostrar como o tempo ocioso em cela deu lugar ao pensamento computacional e criativo dos alunos. Ao término dessa experiência ficou evidenciado que ao utilizar um material atrativo, que leva em consideração o conhecimento prévio desses sujeitos, é possível trabalhar as habilidades do pensamento computacional e ensinar conceitos básicos de programação de computadores para alunos de diferentes níveis escolares que vivem em privação de liberdade, trazendo assim novas perspectivas profissionais e pessoais na vida dessas pessoas.
Recompilando o futuro: O Pensamento computacional como parte do processo de educação de pessoas privadas de liberdade
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DOI: 10.22533/at.ed.950211504
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Palavras-chave: Educação Profissional. Educação Prisional. Programação de Computadores. Pensamento Computacional. Gamificação
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Keywords: Professional Education. Prison Education. Computer Programming. Computational Thinking. Gamification
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Abstract:
In the last decades, it was possible to observe an creepy growth of the prison population in Brazil, which jumped from 90 million in 1990 to more than 726 million people in 2017. The vast majority, 88% of this population, did not have basic education completed and more than half not have finished elementary school. And despite the eminent need to improve the educational level of these people and researchs shown a reduction in the likelihood of criminal recidivism when the convict is related to some type of educational activity, in 2017, less than 11% of the inmates participated in educational activities in Brazil. Thinking about repairing the absence of education in the lives of these people, this work presents the construction, application and evaluation of the Recompiling the Future course, which aims to work as Computational Thinking skills of people living in deprivation of liberty, through the programming of computers with a Scratch tool. Based on the principle of the learning theory of the North American psychologist Robert Mills Gagné and using the Gamification such as engagement strategy, a playful course was developed with the objective of awakening in the students the pleasure of studying, thus making this practice perpetuate in the student's life. Thanks to a partnership signed between the Federal Institute of Espírito Santo (Ifes) and the State Secretary of Justice of the State of Espírito Santo (Sejus), ten inmates from the Vila Velha-ES Semi-Open Penitentiary (PSVV) could study professionally in December 2019. The results found in this research surprised researchers and even public security professionals, by showing how idle in prison time gave way to students' computational and creative thinking. At the end of this experience, it became evident that by using attractive material, which takes into account prior knowledge, it is possible to work as computational thinking skills and use basic concepts of computer programming for students at different school levels who live in thdeprivation of freedom, bringing new professional and personal perspectives in the lives of these people.
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Número de páginas: 130
- Márcia Gonçalves de Oliveira
- Fábio Ventorim Siqueira