A arquitetura do movimento moderno, que se originou no clima central europeu, foi inicialmente baseada nos princípios higienistas em voga na época. O surgimento dos panos de vidro soavam com uma declaração da hipótese de otimizar a iluminação e ventilação com a fluidez espacial desejada. Le Corbusier foi um pioneiro ao adotar esta tendência de construção de superfícies esbeltas de vidro, como no caso do Edifício do Exército da Salvação, em 1933, mas também foi o primeiro a mudar esta tendência através da invenção do brise-soleil, que utilizou em seus projetos a partir dos anos 40. De fato, os requerimentos climáticos exigidos nos climas mediterrâneos e tropicais decididamente interatuam nos pressupostos de natureza compositiva. Este trabalho analisa os exemplos de três obras de Le Corbusier: Casa Curutchet, em La Plata, Casa Shodan e o edifício da Associação dos Fiandeiros, em Ahmedabad, onde o brise-soleil constitui o elemento de mediação climática e compositivo de fachada que se desdobra em camadas: estrutura, pan de verre e brise-soleil, cada uma delas meticulosamente estudada. O brise soleil constitui um dispositivo de estratégia passiva ainda hoje não totalmente apropriado pela arquitetura contemporânea, foi objeto de estudo e evolução nas obras de Le Corbusier e veio a ser o elemento de linguagem que caracteriza o período de sua maturidade. Resgatar esta trajetória e rever as implicações de tais decisões de projeto é relevante, sendo discutida a proposta de uso de elementos fixos. As investigações climáticas que se desenvolveram no Atelier Le Corbusier na década de 1950, estão ainda vigentes e coerentes. A metodologia do trabalho consiste na análise comparativa do desenho do brise-soleil nos três casos, estabelecendo a relação entre o desempenho climático face à proteção ou incidência solar permitida e os aspectos compositivos deste dispositivo como expressão edicular.