O Brasil por trás de uma aparente e falsa democracia racial esconde sérios problemas étnicos. Passados 131 anos da tardia abolição da escravatura nenhuma reparação ocorreu, nem mesmo a história do povo negro trazido compulsoriamente como escravizados foi contada devidamente.

Uma revisão historiográfica ainda é necessária e urgente. Contudo, o caminho da mudança passa também pela educação.

Embora nas últimas décadas tenham ocorrido conquistas importantes como a promulgação das leis 10.639 de 2003 e 11.645 de 2008 que dizem respeito à obrigatoriedade do ensino de história afro-brasileira e indígena no ensino fundamental e médio brasileiros, pode-se afirmar que pouco se avançou em termos reais no que diz respeito à eliminação da discriminação e do preconceito sofridos cotidianamente pelo povo negro.

Diante da persistência de tais problemas o presente trabalho teve por objetivo verificar como o negro, sua história e importância na conformação do povo brasileiro aparecem nos livros didáticos, visto que estes são um dos instrumentos mais utilizados na interface ensino/aprendizagem no país.

Para tanto procedemos à escolha de uma coleção de livros (do ensino fundamental e médio) de história e Geografia amplamente utilizados na rede pública de ensino e verificamos como o negro é representado, tanto em texto como por imagens. Além disso, realizou-se entrevistas em escolas públicas com professores e coordenadores.

Neste sentido, chegou-se a percepção de que além da promulgação de leis é necessário que a questão da eliminação do racismo e do preconceito sejam tratados como uma política pública ampla e continuada, pois para além do material utilizado em sala de aula o professor deve também estar capacitado e inserido nestas políticas.