Pessoas em situação de rua: uma breve análise do sintoma social e possibilidades de trabalho
As pessoas em situação de rua chegam a essa condição a partir de várias rupturas de laços sociais, isso configura-se como um processo histórico e social, muitas vezes naturalizado como destino ou falta de mérito pela lógica capitalista. O presente estudo, é de caráter qualitativo e de revisão bibliográfica, onde utilizou-se teóricos psicanalíticos como Jorge Broide, Sigmund Freud e Jacques Lacan. A ruptura de laços sociais faz com que esses sujeitos busquem novas amarragens nesse território (ruas), inclusive de laços, o que faz o sujeito dependente desse espaço. Em decorrência da estigmatização dessa população, tem-se um apagamento desse sujeito, pois essas representações sociais negativas resultam para além da responsabilização e culpabilização, numa identidade estigmatizada, onde os sujeitos em situação de rua solidificam-se frente a essa realidade cotidiana. Outro fator que surge, é a alienação à situação de rua, onde todos esses processos citados passam por uma naturalização. A psicanálise possibilita a escuta independente de lugares, nesse sentido tem-se os dispositivos clínicos que pode ser identificados através dos grupos operativos, das casas de acolhimento e outros, onde tem-se como possibilidade de trabalho a construção de caminhos a partir da escuta e da narrativa desses sujeitos, do resgate e da construção da própria identidade possibilitando um espaço de pertencimento e de reivindicação de seu lugar na sociedade. São essas condições terapêuticas que permitem a entrada no laço social. Entende-se que há, dentre estas citadas, inúmeras possibilidades de intervenções que permitam a reinserção do sujeito na sociedade e a (re)construção de laços sociais, sempre considerando os sujeitos em sua singularidade através da busca por novas significações.
Pessoas em situação de rua: uma breve análise do sintoma social e possibilidades de trabalho
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DOI: 10.22533/at.ed.4542315022
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Palavras-chave: Estigmatização. Dispositivos clínicos. Discurso capitalista. Discurso do psicanalista. Laço social.
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Keywords: Stigmatization. Clinical devices. Capitalist discourse. Psychoanalyst speech. Social tie.
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Abstract:
People living on the streets reach this condition from several ruptures of social ties, this is configured as a historical and social process, often naturalized as fate or lack of merit by capitalist logic. The present study is qualitative and a bibliographic review, where psychoanalytical theorists such as Jorge Broide, Sigmund Freud and Jacques Lacan were used. The rupture of social ties makes these self seek new attachments in this territory (streets), including ties, which makes the self dependent on this space. As a result of the stigmatization of this population, there is an erasure of the self, as these negative social representations result, beyond accountability and blame, in a stigmatized identity, where homeless self solidify in the face of this everyday reality. Another factor that arises is the alienation to the homeless situation, where all these mentioned processes undergo a naturalization. Psychoanalysis enables independent listening to places, in this sense there are clinical devices that can be identified through operative groups, shelter homes and others, where there is the possibility of working on building paths from listening and of the narrative of these self, of the rescue and construction of their own identity, enabling a space of belonging and claiming their place in society. It is these therapeutic conditions that allow entry into the social bond. It is understood that there are, among those cited, numerous possibilities of interventions that allow the reinsertion of the self in society and the (re)construction of social bonds, always considering the self in their uniqueness through the search for new meanings.
- Larissa Franco Vogt
- Alexa Fagundes dos Santos
- Daiane Luiza Lopes
- Carolina Baldissera Gross