Paris no Século XX, Lisboa no Século XXI ou a Monotonização do Mundo: A Ideia de Cidade no Antropoceno
Este ensaio pretende reflectir sobre
a relação entre cidade, tecnologia e economia
no Antropoceno. Parte da visita a uma Paris
distópica de um romance desconhecido de Jules
Verne, Paris no Século XX, um esboço sombrio,
porém actual, do humano numa sociedade
hipertecnológica, para sustentar que na era
do Antropoceno, sob diversas manifestações,
a digitalização tecnológica da realidade e a
uniformidade da racionalidade económica
estão a desmaterializar e a unidimensionalizar
a vivência cultural e histórica da cidade. Em
seguida, convoca-se Lisboa do século XXI
como exemplo privilegiado da “monotonização
do mundo” do habitar o espaço urbano, imposta
por um determinado paradigma económico e
tecnológico de pensar a ideia de cidade. Concluise
afirmando que cabe às humanidades, e
não apenas à racionalidade económica e
tecnológica, um papel mais activo no repensar
a construção de lugares de habitabilidade da
cidade, sob pena de esta se assemelhar à
desencantadora Paris de Verne.
Paris no Século XX, Lisboa no Século XXI ou a Monotonização do Mundo: A Ideia de Cidade no Antropoceno
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DOI: 10.22533/at.ed.0861917105
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Palavras-chave: Cidade, Tecnologia, Antropoceno, Unidimensionalidade
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Keywords: City, Technology, Anthropocene, One-dimensionality
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Abstract:
This essay intends to reflect on
the relationship between city, technology and
economy in the Anthropocene. We begin by
visiting a dystopian Paris of a barely known
Jules Verne’s novel, Paris in the Twentieth
Century, a dark sketch of human condition in
a hyper technological society, to claim that in
the age of the Anthropocene, under several
ways, the technological digitalization of reality
and the economic rationality’s uniformity are
dematerializing and standardizing the city’s
cultural and historical experience. After this
we explore the landscape of Lisbon in the
twenty-first century as a prime example of
the “monotonization of the world” in terms of
inhabiting the urban space, a phenomenon
brought by a certain technological and economic
paradigm of thinking the idea of city. We finish
by arguing that humanities, and not only the
technological and economic rationality, must
have a greater role in the task of rethinking
the city’ inhabitability places. Only then it will
be possible to avoid the resemblance of the
contemporary city with Verne’s disenchanting
Paris.
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Número de páginas: 15
- Bruno Rego