OUTRO PERSONAGEM DE RANCIÈRE? - LOUIS-GABRIEL GAUNY E SEU RELATO AUTO-FORMATIVO
Este artigo apresenta algumas ideias de uma figura referencial no pensamento de Jacques Rancière: o marceneiro Louis-Gabriel Gauny. A partir dos relatos auto-formativos presentes em Le philosophe plébéien desenvolve o conceito de cenas educativas, de maneira semelhante ao modo como Rancière pensa as cenas políticas. Com isso, busca-se pensar a educação a partir de seus aspectos estético-políticos e, também, a partir do que Birnbaum chama de uma educação cujo aspecto ético se encontra desatrelado de toda pedagogia. Trata-se, assim, de um novo olhar sobre a obra de Jacques Rancière. Há uma intensidade de vida presente em La Belvedère, livro de Gauny, que nos parece interessante para avaliarmos o quanto a educação pode ser pensada a partir das memórias afetivas presentes em relatos auto-biográficos. A escrita de Gauny serve, assim, como uma espécie de paradigma para entendermos o que Rancière chama de um trabalho sobre si. Este trabalho é, também, uma experiência de escrita que se ensaia na tentativa de compreender como o pensamento de Gauny pode nos auxiliar a pensar as relações entre emancipação, educação e filosofia política. Para isso, o conceito oferecido pelo “filósofo plebeu” de economia cenobítica nos parece fundamental para deslocarmos esse debate. Apresentar o pensamento de Gauny a partir da sua própria voz é, também, uma forma de situarmos a influência que o filósofo plebeu exerce sobre a obra de Rancière, colocando-o em paralelo à figura de Joseph Jacotot, pedagogo cuja influência na obra do filósofo francês já se encontra bastante discutida. Se O Desentendimento, obra fundamental do pensamento político de Rancière, é, como o próprio indica, metade influenciada por Jacotot e metade influenciada por Gauny, resta conhecermos mais a fundo essa referência para pensarmos a relação entre filosofia política e filosofia da educação que se desenvolve a partir da perspectiva filosófica aberta pelo filósofo francês.
OUTRO PERSONAGEM DE RANCIÈRE? - LOUIS-GABRIEL GAUNY E SEU RELATO AUTO-FORMATIVO
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DOI: 10.22533/at.ed.29020130227
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Palavras-chave: cenas educativas; Louis-Gabriel Gauny; Jacques Rancière; emancipação; filosofia política.
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Keywords: educative scenes; Louis-Gabriel Gauny; Jacques Rancière; emancipation; political philosophy
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Abstract:
This article presents some of the ideas of a reference figure in Jacques Rancière’s thinking: the joiner Louis-Gabriel Gauny. From his self-training reports presented in Le philosophe plébéien we develop the concept of educative scenes, in a similar way as Rancière think in political scenes. From this perspective, we aim to think about education in its esthetical-political aspects and from what Antonia Birnbaum calls an education unhorsed of whole pedagogy. It’s a new insight into Jacques Rancière’s own work. There’s an intensity of life in La Belvedère, Gauny’s book, which seems interesting to evaluate how education can be thought from affective memories presented in autobiographical reports. Gauny’s writing is kind of a paradigm to think of what Rancière calls a work on you. This work is also an essay writing experience which tries to comprehend how Gauny’s thinking may help us to comprehend the relationship between emancipation, education and political philosophy. To fulfill this objective, the concept of cenobitical economy offered by the “plebeian philosopher” seems to us fundamental to move this debate. Present Gauny’s thinking from his own voice is also a way to locate the influence that the plebeian philosopher exerts on Rancière’s work, placing him in parallel with the figure of Joseph Jacotot, pedagogue whose influence on French philosopher’s work is already well discussed. If La Mésentente, key work of Rancière’s philosophical thinking, is, as he indicates, half influenced by Jacotot half influenced by Gauny it remains to know more deeply this reference to think about the relationship between philosophical political and philosophy of education which is developed from this philosophical perspective opened by French philosopher work.
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Número de páginas: 15
- Vinicius Bertoncini Vicenzi
