Osteorradionecrose (ORN) refratária nos ossos maxilares: análise dos fatores preditivos, características clínicas, de imagem e terapêutica
INTRODUÇÃO: A Osteorradionecrose (ORN) dos maxilares é uma complicação tardia, severa e de difícil manejo em pacientes submetidos à Radioterapia (RT) de cabeça e pescoço. O tratamento permanece controverso, ainda mais nos casos refratários que não respondem às múltiplas tentativas com diferentes terapias, devido a sua fisiopatologia complexa. Baseia-se em abordagens não-cirúrgicas conservadoras até em grandes ressecções com uso de retalhos microvascularizados. O presente estudo visa apresentar e descrever um caso clínico de ORN refratária tratada através de reconstrução microcirúrgica e terapias adjuvantes.
MÉTODOS: Paciente mulher de 51 anos com histórico de Carcinoma Epidermóide (CEC) de assoalho de boca tratada previamente através de Mandibulectomia Marginal e que apresentou recidiva posteriormente. Em um segundo tempo cirúrgico foi realizada hemimandibulectomia à esquerda seguido de reconstrução microcirúrgica com retalho livre microvascularizado osteomiocutâneo de Fíbula e instalação de implantes dentários no mesmo ato cirúrgico. Logos depois foi realizada a RT adjuvante através de técnica 3D conformada com uma dose total de 66Gy e após 06 meses evoluiu com infecção na região tratada apresentando exposição parcial do retalho fibular e drenagem purulenta intra e extraoral,sendo compatível com lesão de Osteorradionecrose (ORN).
RESULTADOS: Foram realizadas várias tentativas terapêuticas não cirúrgica com quadro clínico persistente, pelo qual foi indicada a remoção da placa, debridamento da região peri-implantar e retiro dos implantes dentários com uma segunda reconstrução microcirúrgica com retalho fasciocutâneo antebraquial para cobertura do defeito de tecido mole.
CONCLUSÃO: A fisiopatologia da ORN permanece controversa e os fatores preditivos para o seu aparecimento, desenvolvimento e progressão ainda são indefinidos. A mandibulectomia marginal poderia estar associada a um rápido aparecimento da ORN em situações na qual a RT adjuvante será realizada, sendo que deverá ser avaliada a técnica cirúrgica para evitar-se o iminente aparecimento do quadro, pelo qual precisa-se de um maior esclarecimento deste fato no desenvolvimento e progressão.
Osteorradionecrose (ORN) refratária nos ossos maxilares: análise dos fatores preditivos, características clínicas, de imagem e terapêutica
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DOI: 10.22533/at.ed.66522220814
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Palavras-chave: carcinoma de células escamosas; osteorradionecrose; radioterapia adjuvante; mandibulectomia segmentar; microcirurgia
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Keywords: Oral Cavity Squamous Cell Carcinoma, osteoradionecrosis, radiotherapy, dental implants, Segmental Mandibulectomy, microsurgery, free tissue flaps; combined modality therapy
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Abstract:
INTRODUCTION: Osteoradionecrosis (ORN) of the jaws is a late, severe, and difficult to manage side effect in patients who underwent Radiotherapy (RT) in the head and neck region. Regarding its relationship with RT, it is primarily associated with the total dose delivered, technique and the target volume irradiated; and patient-related factors, such as the use of tobacco/alcohol, oral hygiene, tooth extractions, comorbidities, and possible systemic disorders. However, few studies have described these predictive factors that could act as potential predictors of further occurrence of ORN. The present study aims to evaluate the incidence and to establish the potential predictive factors for the onset, development, and progression of ORN lesions in patients with head and neck cancer who underwent RT through the IMRT technique and describe a clinical case of refractory ORN treated through microsurgical reconstruction and adjuvant therapies.
METHODS: A 51-year-old female patient with oncological background of Oral Squamous Cell Carcinoma (OSCC) of the floor of the mouth, previously treated with marginal mandibulectomy, and who subsequently relapsed. In a second surgical time, left hemimandibulectomy was performed, followed by microsurgical reconstruction with the fibular osteomusculotaneous free flap, besides, dental implants were placed in the perioperative time. RT was performed using a conformal 3D technique with a total dose of 66Gy and after 06 months the patient developed infection in the treated region and it was observed partial exposure of the fibular flap and intra and extraoral purulent drainage,and after imaging analysis the diagnosis of ORN was established
RESULTS: Some non-surgical therapeutic attempts were performed without clinical response and a new surgical approach was performed based on sequestrectomy, the removal of the titanium plaque and dental implants with a second microsurgical reconstruction with forearm fasciocutaneous free flap to cover the soft tissue defect was done.
CONCLUSION: The pathophysiology of ORN remains controversial and the predictive factors for its appearance, development and progression are still unclear. Marginal mandibulectomy could be associated with a rapid onset of ORN in patients submitted to adjuvant RT and it could be considered as a potential predictive factor. Combined therapies are reliable alternatives for local control in refractory cases and in advanced stages, and surgical removal with microsurgical reconstruction procedures are still a feasible alternative that has shown satisfactory clinical results.
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Número de páginas: 26
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