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capa do ebook OS JOVENS DA ESCOLA PÚBLICA: ESTUDO, LAZER E O TRABALHO

OS JOVENS DA ESCOLA PÚBLICA: ESTUDO, LAZER E O TRABALHO

O objetivo deste trabalho é

apresentar um recorte da pesquisa que está

sendo desenvolvida no doutoramento na

Unicamp, na linha Educação e Trabalho, o qual

tem como sujeitos da pesquisa os jovens das

escolas que foram ocupadas pelos estudantes

do ensino médio, em 2016, numa cidade

pequena no interior do Paraná, pelo potencial

de ação sóciopolítica que aquele movimento

representou. Neste texto pretendemos analisar

as trajetórias de vida e de trabalho dos jovens

estudantes, com base no levantamento das

condições que têm para viver a juventude, as

formas de lazer e a forma de trabalho a que estão

submetidos, mediante análise do questionário

que foi aplicado nas turmas do ensino médio

de três escolas que tinham sido ocupadas

na cidade. O questionário foi construído

composto por questões fechadas de múltipla

escolha, mas permitindo resposta espontânea.

Foram aplicados 347 questionários, os

dados foram tabulados no programa Excel,

tratados de maneira agregada e analisados

de forma descritiva, com apoio de gráficos ou

quadro descritivo. Adotamos os conceitos de

interseccionalidade e/ou consubstancialidade

como categorias fundamentais no processo de

investigação sobre a juventude, com intenção

de explorar em que medida as relações sociais

de classe, gênero e raça produzem diferenças

ou desigualdades nas trajetórias de vida dos

jovens. Nesta pesquisa, gênero aparece como

um componente importante para análise de

alguns dados, mas não sem o cruzamento com

outras relações sociais, como a classe social.

Nesse caso, ao analisarmos os dados do

questionário, tomaremos como referência, por

exemplo, que o gênero é uma relação social,

interseccionada pelas outras dimensões, como

raça e classe social, mas, mais importante que

considerá-las, é colocá-las em relação, como

disse Kergoat (2016, p.21): “partir das relações

sociais que fabricam tais categorias”. A maioria

dos jovens que responderam o questionário

tinha de 17 a 18 anos. Por isso, para contagem e

tabulação dos dados não sentimos necessidade

de separar por grupos etários. A idade dos

jovens que responderam o questionário acena

para trajetórias atravessadas por alguma

experiência de reprovação, mas não de

abandono da escola, tendo em vista que a idade

regular para conclusão do ensino médio nos

documentos oficiais é 17 anos. Dos 347 jovens

estudantes que responderam o questionário, 153 identificaram-se como pertencentes

ao sexo masculino e 194 ao sexo feminino. Observamos um número maior de meninas

concluído o ensino médio, movimento que acompanha a evolução da escolarização

média das mulheres no Brasil, que no geral tem superado a dos homens. Há uma

diferença significativa entre meninos e meninas no que tange à orientação sexual, em

especial no que se refere à manifestação sobre a bissexualidade – nos fez questionar

se estamos diante de uma relação social de sexo-gênero, onde homens e mulheres

posicionam-se diferentemente nessa relação por, possivelmente, serem afetados de

forma diferente por ela. Que nos faz pensar conjuntamente como se articulam com as

relações de classe, tendo em vista que é na escola mais pobre, onde a bissexualidade

feminina encontra maior expressão e os meninos manifestaram maior preconceito. No

que diz respeito a caracterização do tempo livre dos jovens, nossa intenção foi levantar

algumas características do tempo que não é ocupado pela escola, pelo trabalho ou

por obrigações familiares. Entendendo que a ocupação do tempo livre e atividades

de lazer depende de aspectos culturais, das oportunidades que a cidade oferece,

das possibilidades dada pela condição socioeconômico, das marcações de sexo e

gênero. Três pontos ficaram em evidencia: 1. A restrição de acesso às atividades

recreativas, que segundo Elias e Dunning (1992) são as atividades de tempo livre que

apresentam características de lazer. 2. A variabilidade na composição social dos jovens

das escolas de centro e de periferia, atrelada a fatores como - classe social, sexo e

gênero apontaram importantes diferenças, mas também desigualdades no acesso dos

jovens a diversos produtos da humanidade, como a cultura, o lazer e a tecnologia. 3. A

sociabilidade aparece como o elemento central na ocupação do tempo livre dos jovens

e é um momento de construções sociais com múltiplas mediações. Por último, uma

parcela significativa dos jovens tem a vida envolvida em atividades de trabalho, 35%

do meninos, 22% das meninas, trabalham. Entretanto podemos notar que a busca

pelo emprego é superior nas respostas das jovens de sexo feminino. Esse pode ser

um indicativo que provém de uma maior dificuldade dos jovens do gênero feminino

em conseguir trabalho, dos arranjos familiares que levam a postegar o ingresso das

filhas no mercado de trabalho para depois da conclusão do ensino médio ou ainda

porque a inserção da mulher no trabalho doméstico inicia muito cedo para muitas

meninas, tanto, que 10% das meninas já se consideram responsáveis pelas atividades

domésticas, enquanto que nenhum menino tenha marcado essa opção. É perceptivel

também os jovens estudantes representam um leque de trabalhadores do setor de

serviços, que estão inseridos no mercado, quando há, por estágio pelo CIEE e ou

pelo Programa Jovem aprendiz ou na informalidade. Os jovens que trabalham, em

torno de 30% deles, realizam atividades de meio período e conciliam com a escola.

Desses, em torno de 60% trabalham para seus gastos individuais e 40% para auxiliar

nos gastos da família. Mesmo com postos de trabalho de pouco prestígio social e com

baixa remuneração o trabalho dos jovens e de meio período é a saída para muitos

jovens não abandonarem a escola.

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OS JOVENS DA ESCOLA PÚBLICA: ESTUDO, LAZER E O TRABALHO

  • DOI: 10.22533/at.ed.65320270115

  • Palavras-chave: Juventude, lazer, trabalho

  • Keywords: Atena

  • Abstract:

    Atena

  • Número de páginas: 24

  • Angela Maria Corso
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