Um dos principais conflitos do século XX em território brasileiro foi a Guerra do Contestado (1912 – 1916). O combate abrangeu uma fatia predominante do território não litorâneo do estado de Santa Catarina, sendo reflexo para a situação precária de vários indivíduos, tendo a região do Contestado o IDH mais baixo de Santa Catarina. Desde o início do conflito, foram produzidos relatos que descreveram os motivos da guerra, bem como o perfil da população que enfrentava a força nacional e estadual.  A denominação mais recorrente para os rebeldes foi a de “caboclo”, permanecendo até a atualidade na literatura acadêmica a respeito da Guerra do Contestado. O que proponho no presente estudo, é realizar uma análise sobre a denominação de “caboclo” na região do Contestado utilizando como ponto de referência o uso do termo no sudeste brasileiro e na região amazônica. Não pretendo com isso encontrar uma definição ao “caboclo” no Contestado, mas procuro demonstrar a complexidade de sentidos que o termo carrega, bem como a heterogeneidade da população envolvida no conflito que ficou conhecida com essa denominação. Desta forma, pretendo atentar para uma tendência de muitos pesquisadores que abordam o conflito, de reificar, buscar uma homogeneização do “caboclo” na região do Contestado. Sendo assim, não tenho como objetivo encontrar uma resposta para o uso do termo nos escritos sobre a Guerra do Contestado, mas sim, que a presente pesquisa faça lançar questionamentos, debates, perguntas e críticas sobre a utilização do “caboclo” nos estudos futuros sobre o conflito.