Os cursos de Letras no Brasil quinhentista e os Monumenta Anchietana: uma análise à luz da Historiografia Linguística
No presente artigo, debatemos a educação linguística nos primeiros cursos de Letras e Humanidades no Brasil quinhentista, à luz da fundamentação teórico-metodológica da Historiografia Linguística (HL) e da Linguística Missionária (LM). Os cursos em questão são resultantes das primeiras atividades de docência de missionários da Companhia de Jesus, que chegaram ao Brasil a partir do ano de 1549 (FARIA, 1959; FRANCA, 1952; LEITE, 1938; SANTOS SOBRINHO, 2013). Nosso aparato teórico-metodológico consiste na modelagem proposta por Pierre Swiggers, a fim de descrever e analisar, por uma narrativa meta-historiográfica sobre o pensamento linguístico, os “pontos de ancoragem” e “agrupamento” (anchoring points); as “linhas de evolução”, os “conteúdos”, “formatos” e “estratégias” (ALTMAN, 2012; SWIGGERS, 2013) da educação linguística jesuítica quinhentista e sua vinculação com a corrente de pensamento do humanismo renascentista português, relacionando-a à reforma educacional da Universidade de Coimbra e à fundação do Real Colégio das Artes, à época de D. João III (MIRANDA, 2011; RAMALHO, 2013). Apresentamos a narrativa de Simão de Vasconcelos da primeira experiência docente de Anchieta em São Vicente, na segunda classe de gramática do Brasil quinhentista (VASCONCELOS, 1672). Defendemos a hipótese de que as obras de Anchieta (Monumenta Anchietana) teriam sido utilizadas ao longo do século XVI nesses cursos, e daremos ênfase à análise da Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (ANCHIETA, 1595), pedra angular da Gramaticografia e da Linguística Missionária no contexto do Brasil quinhentista (ZWARTJES, 2011; BATISTA, 2005).
Os cursos de Letras no Brasil quinhentista e os Monumenta Anchietana: uma análise à luz da Historiografia Linguística
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DOI: 10.22533/at.ed.4692025051
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Palavras-chave: Historiografia Linguística, Linguística Missionária, Gramaticografia, Monumenta Anchietana
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Keywords: Linguistic Historiography, Missionary Linguistics, Gramaticography, Monumenta Anchietana
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Abstract:
In this article, I discuss the linguistic education at the first courses of Language and Humanities in Sixteenth-century Brazil. This discussion is developed in the light of the theoretical and methodological model of Linguistic Historiography (LH) and Missionary Linguistics (LM). These courses of Language and Humanities are the first teaching activities of Jesuit missionaries, who arrived in Brazil in 1549 (FARIA, 1959; FRANCA, 1952; LEITE, 1938 and SANTOS SOBRINHO, 2013). My theoretical apparatus consists of the model proposed by Pierre Swiggers, in order to describe and analyze the linguistic thought, the ‘anchoring points’; the ‘lines of evolution’, the ‘contents’, ‘formats’ and ‘strategies’ (ALTMAN, 2012; SWIGGERS, 2013) of Sixteenth-century Jesuit linguistic education and its connection with the Portuguese renaissance humanism. I analyse also the educational reform of the University of Coimbra and the origin of the Royal College of Arts, at the time of D. João III (MIRANDA, 2011; RAMALHO, 2013). I present the narrative of Simão de Vasconcelos from Anchieta's first teaching experience in São Vicente, the second grammar class of Sixteenth-century Brazil (VASCONCELOS, 1672). I defend the hypothesis that the Anchieta’s literary works (Monumenta Anchietana) would have been read throughout the Sixteenth century in these courses. I develop an analysis of Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (ANCHIETA, 1595), cornerstone of Gramaticography and Missionary Linguistics in the context of Sixteenth-century Brazil (ZWARTJES, 2011; BATISTA, 2005).
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Número de páginas: 25
- Leonardo Ferreira Kaltner