Com a pandemia da Covid-19, as limitações impostas pelo isolamento social exigiram imediata adaptação dos psicólogos ao dar continuidade em seus atendimentos, principalmente, com crianças pequenas acostumadas com o brincar e o explorar. Este trabalho tem como objetivo descrever o uso da fantasia e recursos lúdicos adaptados enquanto alternativas para o resgate do processo terapêutico de 22 crianças, com idades entre 5 e 10 anos, acompanhadas por meio de atendimentos pautados na ludoterapia individual. Ao longo dos atendimentos híbridos, foi possível observar, a cada sessão, o aumento da responsividade aos elementos alternativos criados, bem como o fortalecimento do vínculo paciente-terapeuta. Desde o início do trabalho, interagindo com os pacientes, o terapeuta cria uma narrativa a partir da qual personagens místicos passam a servir como egos auxiliares, suportando as crianças em suas incertezas, angústias e motivando o compartilhamento de emoções. Com o tempo, o conto é nomeado “A Fada do Comportamento” e fortalecido com a estruturação de criaturas figurativas teorizadas com base nos arquétipos e tipologia junguianos. Para garantir o acolhimento e compartilhamento de tais emoções também no contexto familiar, criou-se uma metodologia embasada nestes elementos místicos para ser aplicada na forma de mentoria parental. Resultados significativos foram obtidos pelas famílias, o que reverberou no ambiente escolar e gerou a demanda apresentada pelos participantes, da publicação do conto e expansão do trabalho para o contexto educacional. Após alguns meses, o trabalho se ampliou enquanto método e estendeu-se para mais pacientes e diversos psicólogos em supervisão clínica, que iniciaram o uso do material. Com as devidas adaptações e inclusão de jogos criativos, o método foi aplicado de forma experimental em dois grupos escolares distintos compostos por 32 crianças entre 5 e 11 anos de idade.