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O ROCK INDEPENDENTE EM TERRAS SERTANEJAS: TERRITORIALIDADES DA MÚSICA ALTERNATIVA NO INTERIOR DE GOIÁS

A música, como produto cultural a acompanhar a existência humana, expressa grande riqueza de símbolos e significados. Dialogando com o interior humano, adquirindo maior evidência, nas últimas décadas, entre as pesquisas acadêmicas, a música tem se notabilizado como importante temática nos campos de estudo da ciência geográfica. No Brasil, durante as duas últimas décadas, diversos gêneros musicais têm sido retratados em diversas pesquisas no âmbito da Geografia (PANITZ, 2012).  E como ressalta Cosgrove (2004), para interpretamos o simbolismo da paisagem, podemos recorrer aos produtos culturais, entre eles, a música. Para Panitz (2012), esse talvez seja o produto cultural mais presente no cotidiano dos indivíduos, dando sentido ao mundo ou às narrativas cotidianas. A capacidade de produzir espacialidades diversas, expressando o domínio dos grupos dominantes ou mesmo a resistência de grupos de poder político-econômico minoritário, pode ser efetuada por meio da música. As cidades de Porangatu e Uruaçu, localizadas no norte de Goiás, localidades que se encontram em um estado nacionalmente reconhecido por lançar duplas sertanejas no mercado, apresentam interessante articulação de grupos culturais, dedicados a inserirem no cenário musical desses territórios o rock alternativo. Outras cidades do interior goiano também se destacam pelos festivais de rock alternativo, como Iporá, Inhumas. Os festivais de música independente ocuparam o espaço urbano de várias cidades de Goiás, principalmente entre os anos de 2007 e 2014, compondo um projeto colaborativo, denominado Festival Grito Rock, que levou essa experiência de evento a vários municípios do país, sendo também realizado em outros países. Nos palcos desses festivais se apresentaram bandas que, distantes de contratos vultosos com as gravadoras, possuem composições originais, apresentando-se como produções pouco comerciais. No entanto, estes festivais propõem territórios fluídos na paisagem urbana, que divergem da habitual apropriação territorial efetuada predominantemente pela música sertaneja. Este trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento no Programa de Pós-graduação em Geografia da UnB e tem como objetivo compreender as interfaces dos territórios fluídos elaborados por estes festivais independentes, em sua composição material, que considera a música como um produto comercial e também como experiência simbólica, por grupos culturais minoritários que se expressam na espacialidade por meio de suas dinâmicas culturais, em específico, por meio da música. Foram realizados trabalhos de campo em Porangatu e Uruaçu, bem como pesquisas em sites de coletivos culturais responsáveis pela realização de festivais independentes de música. Tais coletivos musicais empregam seus esforços em promover eventos que possam dar visibilidade a um estilo musical que não conta com uma persuasão de massa, o rock. Produtores musicais e público compõem uma paisagem urbana diferenciada nas cidades do interior goiano, trazendo uma nova identidade, contraditória ao estilo sertanejo, afirmando a constituição de novos territórios, ainda que efêmeros. Acreditamos que tal pesquisa nos possibilitará o contanto com grupos culturais, abrindo caminho para a possibilidade de reconhecer formas alternativas de produção e apropriação do espaço urbano quanto às práticas culturais.

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O ROCK INDEPENDENTE EM TERRAS SERTANEJAS: TERRITORIALIDADES DA MÚSICA ALTERNATIVA NO INTERIOR DE GOIÁS

  • DOI: 10.22533/at.ed.5152204114

  • Palavras-chave: Música, Festivais independentes, Territorialidades, Rock.

  • Keywords: Music, Independent Festivals, Territorialities, Rock.

  • Abstract:

    Music, as a cultural product accompanying human existence, expresses a great wealth of symbols and meanings. Dialoging with the human interior, acquiring more evidence, in the last decades, between the academic researches, the music has been notable like important subject in the fields of study of the geographic science. In Brazil, during the last two decades, several musical genres have been portrayed in several researches in the field of Geography (PANITZ, 2016). And as Cosgrove points out (2004), to interpret the symbolism of the landscape, we can turn to cultural products, among them, music. For Panitz (2012), this may be the cultural product most present in the daily lives of individuals, giving meaning to the world or daily narratives. The ability to produce diverse spatiality, expressing dominance by dominant groups or even resistance by minority political-economic power groups, can be effected through music. The cities of Porangatu and Uruaçu, located in the north of Goiás, localities that are in a state nationally recognized for launching sertanejas double in the market, present interesting articulation of cultural groups, dedicated to insert in the musical scene of these territories the alternative rock. Other cities in the interior of Goiás also stand out for the alternative rock festivals, like Iporá, Inhumas. The independent music festivals occupied the urban space of several cities of Goiás, mainly between the years of 2007 and 2014, composing a collaborative project, called Festival Grito Rock, that took this experience of event to several municipalities of the country, being also realized in other countries. In the stages of these festivals bands have appeared that, far from contracts with the record companies, have original compositions, presenting themselves as commercial productions. However, these festivals propose fluid territories in the urban landscape, which diverge from the usual territorial appropriation effected mainly by sertaneja music. This work is part of a doctoral research in progress in the Postgraduate Program in Geography of UnB and aims to understand the interfaces of fluid territories elaborated by these independent festivals, in their material composition, which considers music as a commercial product and also as a symbolic experience, by minority cultural groups that express themselves in spatiality through their cultural dynamics, specifically through music. Fieldwork was carried out in Porangatu and Uruaçu, as well as research on sites of cultural collectives responsible for holding independent music festivals. Such musical collectives employ their efforts in promoting events that can give visibility to a musical style that does not count on a mass persuasion, the rock. Music producers and public make up a differentiated urban landscape in the cities of the interior of Goiás, bringing a new identity, contradictory to the sertanejo style, affirming the constitution of new territories, although ephemeral ones. We believe that such research will enable us with cultural groups, paving the way for the possibility of recognizing alternative forms of production and appropriation of the urban space as well as cultural practices.

  • Marcos Roberto Pereira Moura
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