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capa do ebook O retorno do internamento dos indivíduos desviantes no Brasil: uma análise sobre a institucionalização da pobreza e da loucura

O retorno do internamento dos indivíduos desviantes no Brasil: uma análise sobre a institucionalização da pobreza e da loucura

No século XIX, no Brasil, os

indivíduos que vagavam pelas ruas foram

considerados pela Medicina Social como

ameaças ao bem-estar da sociedade. Este

diagnóstico dos indivíduos perigosos permitiu

aos médicos sociais justificar e requerer a

criação dos primeiros hospícios para que essas

pessoas fossem “tratadas”. Quando esse

espaço de institucionalização foi criado, nasce

a Psiquiatria no Brasil, a qual se notabilizou por

ter internado conjuntamente loucos e pobres

como desviantes da ordem social. Essas figuras

só começaram a ser desinstitucionalizadas na

década de 1980, quando teve início a Reforma

Psiquiátrica brasileira. Contudo, apesar das

contribuições advindas desse movimento, o

internamento conjunto da pobreza e da loucura

parece ter retornado por meio do ressurgimento

da ideia de indivíduo perigoso. Tais pessoas estão

sendo institucionalizadas em estabelecimentos

disfarçados de cuidado, mas que na verdade

funcionam como dispositivos de controle para

separar da sociedade os improdutivos, ou

melhor, os não empregáveis. Essa internação

pode ser lida tanto por meio do conceito

Foucaultiano de biopolítica, responsável por

retirar da sociedade e normalizar os desviantes;

como pelos estudos do le Blanc sobre a

invisibilidade social, partilhada pelas vidas de

pobres e loucos.

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O retorno do internamento dos indivíduos desviantes no Brasil: uma análise sobre a institucionalização da pobreza e da loucura

  • DOI: 10.22533/at.ed.92719130622

  • Palavras-chave: pobres; loucos; institucionalização; biopolítica; invisibilidade social.

  • Keywords: poor; crazy; institutionalization; biopolitics; social invisibility.

  • Abstract:

    In the 19th century, in Brazil,

    individuals who wandered the streets were

    considered by Social Medicine as threats to

    the well-being of society. This diagnosis of

    dangerous individuals allowed social doctors

    to justify and request the creation of the first

    hospices for these people to be “treated”. With

    these spaces, Brazil’s psychiatry was born, in

    which the deviants of social order (specially the

    mad and the poor) were confined. These figures

    started to be released in the 1980s, when the

    Brazilian Psychiatric Reform started. However,

    besides the movement contributions, the joint internment of poverty and madness

    seems to have returned through the resurgence of the idea of dangerous individual.

    Such people are being institutionalized in establishments disguised as care, but which

    actually function as control devices to separate the unproductives, or better, the nonemployable,

    from society. This phenomenon be studied under the Foucaultian concept

    of biopolitics, responsible for normalizing the deviants; studies from le Blanc about

    social invisibility shared by their lives.

  • Número de páginas: 15

  • Hélio Rebello Cardoso Júnior
  • Letícia Iafelix Minari
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