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capa do ebook O REFÚGIO HAITIANO NA CIDADE DE SÃO PAULO: UM PROCESSO

O REFÚGIO HAITIANO NA CIDADE DE SÃO PAULO: UM PROCESSO

Este trabalho tem com objetivo analisar, por meio da comparação de entrevistas e conversas com diferentes atores (migrantes, militares, moradores locais etc.), dinâmicas de discriminação de haitianos na cidade de São Paulo, com especial foco na questão da discriminação. Encontrou-se, ao realizar o trabalho de campo (2016-2017), um paradoxo aparente: os haitianos entrevistados negavam sofrer discriminação, ao passo que os moradores locais e transeuntes da região do Glicério (São Paulo – SP) a afirmavam. A pesquisa foi conduzida a partir de entrevistas em profundidade e do método de observação etnográfico, cujos resultados foram analisados à luz da sociologia reflexiva de Pierre Bourdieu. Igualmente, a identidade de todos os migrantes entrevistados será protegida. Comprova-se a hipótese de que a negação da discriminação se dá enquanto estratégia de "resistência" (categora nativa) dos migrantes, os quais apreendem previamente um discurso, visto como legítimo, que retrata o Brasil como um país livre de tensões raciais, discurso esse reproduzido pelas Forças Armadas brasileiras durante a MINUSTAH (Missão de Paz para a Estabilização do Haiti) (2004-2017). Isso é demonstrado no capítulo. Assim, os migrantes se privam de retratar a violência a que estão submetidos para evitar constrangimento e potenciais entraves advindos de uma afirmação da discriminação por parte de sujeitos que não vejam tal reivindicação enquanto legítima

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O REFÚGIO HAITIANO NA CIDADE DE SÃO PAULO: UM PROCESSO

  • DOI: 10.22533/at.ed.2572201044

  • Palavras-chave: MINUSTAH; migração haitiana; discriminação; racismo; resistência

  • Keywords: MINUSTAH; Haitian migration; discrimination; racism; resistance

  • Abstract:

    This paper aims to analyze, through the comparison of interviews and conversations with different actors (migrants, military personnel, local residents, etc.), the dynamics of discrimination that Haitian migrants face in the city of São Paulo. It tackles an apparent paradox discovered during fieldwork (2016-2017): the interviewed Haitians denied suffering discrimination, while local residents and passersby in the Glicério neibourghood (São Paulo City, Brazil) affirmed they did suffer it. The research was conducted using in-depth interviews and the ethnographic observation method, whose results were analyzed in the light of Pierre Bourdieu's reflexive sociology. Likewise, the identity of all the migrants interviewed was protected. Our hypothesis was the self-denial of discrimination occurs as a strategy of "resistance" (indigenous category) by migrants, who previously apprehend a discourse, seen as legitimate, that portrays Brazil as a country free of racial tensions. This discourse was reproduced by the Brazilian Armed Forces during MINUSTAH (Peacekeeping Mission for the Stabilization of Haiti) (2004-2017). The hypothesis was confirmed. Thus, migrants refrain from portraying the violence to which they are subjected to avoid embarrassment and potential obstacles that could be aroused by people who do not see such claims as legitimate.

  • Número de páginas: 20

  • José Vitor Barros
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