O professor inovador: mitos sobre a docência contemporânea
O estudo discute alguns mitos em
torno da formação de professores, notadamente
os que tiveram reconhecimento nas últimas
décadas. Ao considerar que cada época tem
seu regime de verdade, o artigo examina três
ênfases que têm concorrido para a estruturação
de saberes acerca da formação docente,
quais sejam: professor reflexivo, professor
pesquisador e, mais recentemente, professor
inovador. Se as duas primeiras marcaram a
produção discursiva da virada do século, a
constituição de uma docência inovadora ganha
eco recentemente. Apesar das peculiaridades
de cada momento, há em comum o
atravessamento da lógica neoliberal no campo
educacional. Tomando esta compreensão
como ponto de partida, o texto problematiza
o imperativo da inovação como necessidade
formativa docente e busca compreender como
a ideia de professor inovador se cristaliza
como fala mítica nos discursos educacionais.
Para tanto, estabelece aproximações entre os
pensamentos de Foucault e Barthes, no que diz
respeito à produção de verdade e ao mito como
fala ideológica. Dessa articulação, evidencia
alguns mitos sobre a docência contemporânea,
quais sejam: o uso de tecnologias e metodologias
ativas, a exposição ao risco e a ênfase na
aprendizagem em detrimento do ensino. Este
último ocupa um lugar privilegiado na análise,
fundamentada pelos estudos de Biesta,
especificamente no que se refere ao conceito
de learnification, traduzido como aprenderismo.
O estudo aponta para a complexidade do tema
da inovação educacional e para a necessária
vinculação entre propostas dessa natureza e
a atualização da reflexão sobre o sentido e a
finalidade da educação e da docência.
O professor inovador: mitos sobre a docência contemporânea
-
DOI: 10.22533/at.ed.87419081019
-
Palavras-chave: Formação de professores; Necessidade formativa docente; Professor inovador; Aprenderismo.
-
Keywords: Teacher training; Teacher training needs; Innovative teacher; Learnification.
-
Abstract:
The study discusses some myths
about teacher education, especially those that
have been recognized in recent decades. In
considering that each moment has its own
regime, this article examines three emphases
that have contributed to the structuring of
knowledge about teacher education, namely:
reflexive teacher, researcher teacher and, more
recently, innovative teacher. If the first two
marked the discursive production of the century change, the constitution of an innovative
teaching has recently occurred. Despite the peculiarities of each moment, there is in
common among each other the entrance of a neoliberal logic in the educational field.
Taking this understanding as a starting point, the text problematizes the imperative of
innovation as a formative educational need and wants to understand how the idea of
innovative teacher crystallizes as a mythical speech in educational discourses. For
that, it establishes approximations between the thoughts of Foucault and Barthes,
with respect to the production of truth and myth as ideological speech. From this
articulation, it highlights some myths about contemporary teaching, namely: the use of
active technologies and methodologies, exposure to risk and the emphasis on learning
rather than teaching. The latter occupies a privileged place in the analysis, based on
the studies of Biesta, specifically regarding the concept of learnification. The study
points to the complexity of the theme of educational innovation and to the necessary
linkage between proposals of this nature and the need to update the reflection on the
meaning and purpose of education and teaching.
-
Número de páginas: 15
- Ana Lúcia Souza de Freitas
- Laura Habckost Dalla Zen
