O Problema do Sofrimento em Nietzsche
O trabalho irá procurar compreender porque a “vontade de nada” seria um elemento central do niilismo da fraqueza e como o “nada querer” superaria o nojo da existência através da vontade de destino (Lowith, 1969). A vontade de nada seria fruto do problema do sofrimento (Reginster, 2006) em que a vida passa a ser condenada porque a dor é entendida como algo indesejado. Assim a superação da vontade de nada somente será possível através de uma reinterpretação do sofrimento que deve deixar de ser entendido como uma mazela. A reavaliação do sofrimento se dará dentro do quadro da vontade de potência, em que dor e prazer passam a ser inseparáveis, já que o deleite passará a depender de uma superação de resistências. Estas resistências, por sua vez, geram sofrimento ao indivíduo, de forma que a vontade de potência, ao afirmar a vida e o poder, irá indiretamente exaltar a dor e o sofrimento. Neste sentido a vontade de nada deverá ser substituída pela vontade de poder em que o indivíduo desagua a sua força no mundo, já que não teme mais as resistências que a sua vontade possa encontrar. A vontade de potência irá fazer uma releitura do desejo, superando a concepção de que os anseios seriam fruto de uma privação, para encará-los como produto do contentamento (Birault, 1967). No limite o bem-estar que norteia os desejos desemboca em um nada querer no qual o indivíduo aceita o destino tal como ele se manifesta. Para Giacóia (2013) os indivíduos fisiologicamente exuberantes seriam os únicos capazes de amar as condições positivas e negativas da vida, porque não operariam dentro do regime do ressentimento, mas sim sob a tutela da gratidão.
O Problema do Sofrimento em Nietzsche
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DOI: 10.22533/at.ed.5412001074
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Palavras-chave: ideal ascético, vontade de nada, nada querer, sofrimento, vontade de potência
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Keywords: ascetism, will to nothing, lack of will, suffering and will to power
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Abstract:
The project aims at analyzing how the ‘will to nothing’ is a central element of the nihilism of weakness and how the ‘lack of will’ overcomes the dissatisfaction with life through the ‘will to destiny’ (Lowith, 1969). The ‘will to nothing’ is a byproduct of the problem of suffering in Nietzsche’s philosophy (Reginster, 2006) in which life is condemned because pain is understood as an inconvenience. Therefore, the ‘will to nothing’ will be overcome by a reinterpretation of suffering under the scope of will to power in which pain and pleasure will become intermingled due to the fact that joy will depend on the overcoming of resistance. The close association between pain and pleasure is due to the fact that resistance, in general, produces pain and because in the will to power pleasure depends on the overcoming of resistance, the pain will be praised. The ascetic ‘will to nothing’ must be substituted by the will to power in which the aggressive instincts of the individual is discharged into the world because there isn’t a condemnation of the resistance the will might find. The will to power will reinterpret volition, overcoming the Schopenhauerian comprehension that the will is a consequence of a lack. In a Nietzschean point of view, volition will be associated with contentment and joy leading to a lack of will in which individuals accepts destiny as it is (Birault, 1967).
However only the strong individuals will be able to love the positive and negative conditions of life, because they escape resentment by gratitude (Giacóia 2013).
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Número de páginas: 19
- Gabriela Ferraz Costa