O PATRIMÔNIO EM UMA LÓGICA DO APAGAMENTO: Uma análise sobre os processos de significação de patrimônios presentes na lógica do apagamento paulistano.
A importância conferida a uma leitura que compreenda o patrimônio arquitetônico em sua forma mais
autêntica, ou seja, que valorize as qualidades culturais contingentes associadas ao edificado, tem
sido um tema central de debate no universo da salvaguarda patrimonial. Reconhecemos que a
arquitetura será condicionada pelo significado cultural existente. Entretanto, observamos abordagens
preservacionistas que capturam a significação cultural e a identificação de valores e atributos, sob
uma perspectiva mais objetiva quanto à relevância do edificado histórico, que dificilmente considera
manifestações espontâneas de vínculos afetivos e de pertencimento, as quais possam vir a
representar diferentes formas de apropriações simbólicas dos espaços urbanos e de uma memória
integrada e viva. Ao conceber o patrimônio arquitetônico como uma construção social, sempre em
transformação, o presente trabalho problematiza os paradoxos da patrimonialização na valorização
da memória paulistana por meio da análise dos processos de significação intrínsecos nas
apropriações de patrimônios arquitetônicos localizados no centro histórico da cidade de São Paulo. O
território é caracterizado por políticas do apagamento, decorrente da construção da memória coletiva
paulistana. Os resultados observados serão discutidos à luz do debate teórico sobre a manifestação
da memória como fenômeno intrínseco no processo de ocupação e resistência. Em busca de uma
salvaguarda patrimonial mais democrática, esta análise procura contribuir para a sinalização e para o
reconhecimento de novas narrativas, para então atribuir valor, definir estratégias vinculadas ao
patrimônio cultural e ultrapassar uma interpretação do patrimônio arquitetônico apenas por sua
materialidade.
O PATRIMÔNIO EM UMA LÓGICA DO APAGAMENTO: Uma análise sobre os processos de significação de patrimônios presentes na lógica do apagamento paulistano.
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DOI: 10.22533/at.ed.38523040912
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Palavras-chave: Patrimônio arquitetônico; uso; apropriação; significado cultural; memória; apagamento.
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Keywords: Architectural Heritage; use; appropriation; occupation; cultural significance; memory; erasure
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Abstract:
The importance attributed to an examination that comprehends
architectural heritage in its most authentic form, that is, one that values
the contingent cultural qualities associated with the building, has been a
central topic of debate in the world of heritage safeguarding. We
recognize that architecture will be conditioned by existing culture
significance. However, we observe preservationist approaches that
capture the cultural significance and the identification of values and
attributes under a more objective perspective as to the relevance of the
historic building, which hardly considers spontaneous manifestations of
affective bonds and belonging, which may represent different forms of
symbolic appropriations of urban spaces and of an integrated and living
memory. By conceiving the architectural heritage as a social
construction, always in transformation, this dissertation discusses the
paradoxes of patrimonialization in the recognition of São Paulo’s
memory through the analysis of the appropriations of architectural
heritage in the historic center of this city. The territory is characterized
by politics of erasure, resulting from the construction of the collective
memory of São Paulo. The results observed will be discussed
considering the theoretical debate about the manifestation of memory
as an intrinsic phenomenon in the process of occupation and resistance.
In search of a more democratic heritage safeguard, this analysis seeks
to contribute to the signaling and recognition of new narratives, to then
attribute value, define strategies linked to cultural heritage, and move
past an interpretation of architectural heritage only by its materiality.
- Mariana Rezende D`Oliveira