O Paradoxo da Vida Residual em um Cérebro Morto: A Última Onda de Atividade Cerebral Pós-Morte
A compreensão do processo de morrer tem sido tradicionalmente orientada pela ideia de que a morte encefálica representa um ponto final irreversível. No entanto, avanços neurocientíficos recentes têm revelado fenômenos de atividade cerebral residual após a cessação clínica da vida, desafiando concepções biomédicas clássicas e ampliando o debate interdisciplinar. Este artigo de revisão narrativa analisa o fenômeno da atividade cerebral residual após a morte clínica, frequentemente descrito como a “última onda” ou depolarização disseminada terminal. A literatura recente evidencia que a morte encefálica não é um evento instantâneo, mas um processo gradual, no qual descargas elétricas, oscilações gama e metabolismo bioquímico persistente podem ser observados. Esses achados desafiam concepções biomédicas tradicionais e dialogam com relatos de experiências de quase morte, revelando um paradoxo: a coexistência de sinais vitais residuais em um cérebro considerado morto. Além de suas bases neurocientíficas, o fenômeno possui implicações filosóficas e antropológicas, ao evocar noções de liminaridade entre vida e morte presentes em diferentes culturas. Também suscita dilemas bioéticos e clínicos, sobretudo no contexto da determinação da morte encefálica e da doação de órgãos. Conclui-se que o estudo da última onda cerebral pós-morte exige uma abordagem interdisciplinar, que integre neurociência, filosofia, bioética e antropologia, a fim de repensar fronteiras conceituais e redefinir critérios médicos de fim da vida.
O Paradoxo da Vida Residual em um Cérebro Morto: A Última Onda de Atividade Cerebral Pós-Morte
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.93825170910
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Palavras-chave: morte encefálica; atividade cerebral residual; bioética.
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Keywords: -
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Abstract: -
- Vanessa Mazzardo
- Brenda Adrieli Rodrigues de Oliveira
- Diego de Matos Rodrigues da Silva
- Ana Clara de Oliveira Johnson
- Ariane de Oliveira Villar
- Enzo De Lorenzi Cancelier dos Santos Graduando em Medicina Universidade do Extremo Sul Catarinense Criciúma, Santa Catarina, Brasil
- Gabriela Luiza Amaral Resende
- Ana Luiza Fleury Calaça
- Laura Santana Rangel dos Santos
- Isabella Fedalto Kieutika