Um primeiro pressuposto assumido

é a não neutralidade a linguagem, marcada

pelas influências que recebemos e por como o

outro a acolhe. Com a Bíblia não é diferente,

quando os autores sagrados compuseram suas

obras, foram marcadas por seu contexto e pelo

possível leitor que teriam. Outro pressuposto é

de que, diferentemente do que alguns afirmam,

não há incompatibilidade entre a ação da fé e

das ciências quando ambas buscam a verdade.

Neste artigo, se buscou promover uma

aproximação entre a Teoria da Enunciação,

de Mikhail Bakhtin, e os estudos da Bíblia,

aplicando-o a maior compreensão do Livro de

Ester. Nossa opção pela Teoria da Enunciação

se deu devido a esta teoria não somente

trabalhar com o enunciador e seu destinatário

imediato, mas também valorizar o destinatário

atual e suas peculiaridades, nesta busca de

interpretar a enunciação do enunciado. O

Livro de Ester não surge como mero pretexto

para aplicação da Teoria da Enunciação, mas,

devido a não ser um dos textos bíblicos mais

estudados; e a possibilidade de diálogo com

várias temáticas atuais, como: o reto uso do

poder; o papel social da mulher; as minorias;

a compreensão da atuação de Deus por meio

de intermediários. Os resultados obtidos de

tal aproximação contribuirão para uma não

dogmatização do texto e da relação histórica

entre enunciador e enunciado, limitando toda

possibilidade de interpretação a ela; além de

demonstrar como a Palavra de Deus ainda

continua viva, e produzindo enunciação nos

nossos dias, sendo relevante também ao

homem de hoje