Esta pesquisa discorre sobre o

inconsciente político de Juan Rulfo, com o

objetivo de elucidar as questões do mundo rural

presente em Pedro Páramo. A proposição desta

investigação se pauta pelo inconsciente político

de Rulfo ao tratar da história de personagens

sujeitos aos mandos e desmandos da poderosa

patriarcal família latifundiária mexicana,

proprietária da fazenda Media Luna. Nessa

perspectiva, Rulfo articula uma narrativa

delineada em digressões, pensamentos, relatos,

enfim, confissões dos personagens, os quais, já

mortos, não se encontram mais subjugados às

condições terrenas de sofrimento que lhes eram

impostas. Assim, por meio do povo, Juan Rulfo

trabalha o dito é o não dito, realidades percebidas

pelos personagens secundários, sentimentos

e traumas despertos nas cenas vivenciadas

e contidos diante do lugar social em que se

encontram os personagens. Por intermédio de

páginas condensadas, a obra rulfiana envolve

literatura embebida no inconsciente político

de crítica social. Nesse sentido, a pesquisa

procurou elucidar as questões tangentes ao

mundo rural presente em Pedro Páramo, de

maneira a correlacionar o texto e seu contexto

camponês de produção. Com algumas temáticas

realizaram-se aproximações da ficção com a

realidade mexicana, ao passo que explorasse

na América Latina outros temas presentes na

narrativa. A partir de sua arte redacional, Rulfo

uniu literatura e sociologia rural, com destaques

para o local e o universal. A atualidade da obra

e sua universalidade propicia ampla gama de

investigações, sobretudo no que diz respeito a

mundo rural, nação e literatura. Condensado

e frutífero a infinitas interpretações, Pedro

Páramo é uma fonte de pesquisa científica que

está longe de ser exaurida, sobretudo quando

se trata de manifestações artísticas como atos

socialmente simbólicos.