O IMPERATIVO DA EXPOSIÇÃO AO OLHAR E A FACE SUPEREGOICA DO AMOR
Os relacionamentos amorosos atuais estão imersos em um contexto que os deixa muitas vezes à deriva. É em um mundo de relacionamentos fluidos, para usar a expressão de Bauman, e de gozo prometido via gadgets, para caminhar com Lacan, que hoje se busca o encontro com o sexo e o amor. Nesse encontro não há saber constituído para orientar o que fazer com a pulsão, mas o discurso que articula os desencontros amorosos juvenis diz que o sexo pode (deve) ser vivido alegremente. Três pontos podem ser destacados para esta reflexão: a demanda de amor, a visibilidade e o mercado de consumo nas redes sociais. Encontrar um parceiro ou parceira com quem se mantenha um relacionamento amoroso mostra-se, para muitos indivíduos, atrelado à facilidade e à necessidade de se expor e se manter conectado com o outro nas “redes sociais”. Surge então a face superegóica do amor. Não é novo que seja preciso reafirmar o amor, mas hoje a frequência é a da rede. É preciso apresentá-lo em um perfil de Facebook e retirar-se de uma suposta 'disponibilidade', é preciso deixar registros nos grupos de WhatsApp, expor sua bem-aventurança amorosa e sua felicidade ao olhar do Outro. Exigência que tende a aumentar cada vez mais. Em tempos em que a crença no Outro perde sua articulação simbólica e amplia o poder do imaginário, a fantasia de que o olhar do Outro dê consistência às relações amorosas faz ressurgir o real da angústia e da ausência de bússola que deixa os sujeitos à deriva na promessa de gozo e na demanda de amor. Quanto mais se pode ver, mais se quer esconder. E quanto mais se esconde, mais olhar é necessário. O supereu comanda a vida amorosa para responder ao Ideal do Outro.
O IMPERATIVO DA EXPOSIÇÃO AO OLHAR E A FACE SUPEREGOICA DO AMOR
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DOI: 10.22533/at.ed.4942003082
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Palavras-chave: rede social; amor; olhar; psicanálise; supereu
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Keywords: social media; relationship; look; psychoanalysis; superego
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Abstract:
Nowadays, love and romantic relationships are immerse in unclear concepts which at times set it adrift. To use Bauman´s description, it´s a world of fluid relations, one of promised pleasure through gadgets, to side with Lacan, and a search for the meeting of sex and love. There are no known guidelines for such a meeting to tell one what to do with one´s instincts (sex drive). Yet, the current discourse says that even through mismatches today´s youth can (should) have joy in their sexual intercourse. We can highlight three point to be reflected upon: the quest for love, the visibility, and market created on social media. Finding a partner with whom to hold a romantic relationship, may be tethered (hitched) to the ease and necessity of being exposed and staying connected to ‘the other’ on social media. Thusly emerge the superego of love. The need to reaffirm love is hardly new, but today it predominantly goes one in the Web. It must be shown in a Facebook profile and remove it from a supposed ‘availability’; it must be registered in social groups in WhatsApp, and one´s the success in love and one´s happiness need be exhibit to ‘the other’ – a demand that if bound to increase even more. In this Internet era the belief in ‘the Other’ has lost it´s symbolism, the power of the imaginary is amplified; there is the fantasy that how one is seen by the Other lends concreteness to love relationships. That brought back the reality of angst and the lack of guiding compass, which in turn leaves one adrift in the promise of pleasure and in the search for love. The more we can see, the more we wish to conceal. And the more we hide, the more we need to be looked at. The superego takes control of the love-life in response to the Ideal of Other
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Número de páginas: 13
- Helio Cardoso de Miranda Junior