O enxerto de pele como ferramenta de restabelecimento da auto-estima do paciente.
Introdução e objetivos: Sabe-se que, os enxertos cutâneos são sessões de pele transferidas de uma área do corpo para a outra. Atualmente, os enxertos cutâneos são amplamente usados e constituem uma das técnicas indispensáveis em Cirurgia Plástica e dermatológicas. Os enxertos de pele dividem-se em dois grandes grupos: Enxertos de pele parcial (EPP) e Enxerto de pele total (EPT). Ademais, ainda existe enxertos compostos, que incluem pele e outro tipo de tecido. Quanto à origem, podem ser classificados como autoenxertos (colhidas no mesmo indivíduo) e aloenxertos (colhidos de outro indivìduo). Existem também diversas indicações para aplicação de enxertos cutâneos. É fundamental a proximidade com a anatomia cirúrgica e o domínio de técnicas reconstrutivas para o sucesso de aplicação de enxertos. Além da técnica de enxertia, o curativo compressivo (Brown) otimiza o contato do enxerto com o leito da ferida e permite a adequada angiogênese. Esse trabalho tem por objetivo ressaltar a importância da adaptação técnica e funcional dos enxertos em cirurgias dermatologicas. Relato de caso: JHMS, 31 anos, compareceu ao serviço de urgência após trauma por queda de bicicleta. apresentou quadro de escoriações leves em membros superiores e inferiores associado à perda cutânea em região periorbitária externa esquerda com lesão deformante. Foi acompanhado pelo serviço de cirurgia plástica para abordagem de enxerto em região periorbitária externa esquerda. Utilizou-se a técnica de enxerto total com o tecido cutâneo proveniente da região retroauricular de aproximadamente 2cm de diâmetro, associada ao curativo de Brown com o objetivo de minimizar deformidades. Após a retirada do curativo percebeu-se boa cicatrização e adaptação tecidual.
Discussão: Os enxertos cutâneo auxiliam no reparo de perda cutânea sem necessidade de vascularização própria. Um estudo de S. Kwon et al. (2013) analisou quatorze doentes durante seis anos submetidos a enxertos compostos colhidos da zona pré-auricular. Os defeitos cutâneos tinham diversas causas como traumatismo, excisão de carcinoma basocelular, nevos, cicatrizes. Foram avaliados diversos parâmetros, como textura, volume e coloração. Os resultados demonstraram que os enxertos compostos por pele e tecido subcutâneo podem constituir uma alternativa eficaz aos EPT para reconstrução de defeitos subcutâneos pequenos a moderados da face. O enxerto composto tem menor probabilidade de sofrer retração e alterações da coloração, em relação a outros tipos de enxertos cutâneos, como pode ser visto no Relato de caso acima. Além disso, a morbidade da área doadora é mínima quando se trata de um enxerto pequeno menos que 4 cm. Foi deixado o curativo compressivo (Brown), que tem por finalidade reduzir a possibilidade de deslocamentos que comprometeriam a comunicação vascular com a pele transplantada e possibilitando menor ocorrência de hematoma e seroma, evitando assim a perda de vitalidade e falência do enxerto. Conclusão: Foi observado que os enxertos compostos por pele e tecido subcutâneo representam uma boa alternativa aos EPT em defeitos de pequenas dimensões da face. Estão sujeitos a uma menor retração e discromia, quando comparados com outros tipos de enxertos. Tal como os EPT, os enxertos compostos exigem um leito bem vascularizado. Isto verifica-se em regiões como pavilhão auricular ou nariz. Independentemente de existirem diversos tipos de enxertos, é, por vezes, importante utilizar combinações de várias técnicas como foi utilizado o curativo de Brown. Em muitas situações, o tratamento ideal envolve mais do que um método e é importante saber selecionar cada um deles, adequando-os a cada defeito e ao contexto de cada doente, assim, o uso da técnica é importante para restabelecimento da qualidade de vida do paciente, inserção social e preservação da auto-estima.
O enxerto de pele como ferramenta de restabelecimento da auto-estima do paciente.
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DOI: 10.22533/at.ed.60721081015
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Palavras-chave: Enxerto; Curativo de Brown;
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Keywords: Skin grafting; Brown bandage;
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Abstract:
Introduction and objectives: It is known that skin grafts are skin sections transferred from one area of the body to another. Currently, skin grafts are widely used and constitute one of the indispensable techniques in Plastic and Dermatological Surgery. Skin grafts are divided into two major groups: Partial Skin Grafts (EPP) and Total Skin Grafts (EPT). Furthermore, there are still composite grafts, which include skin and other tissue. As for the origin, they can be classified as autografts (harvested from the same individual) and allografts (harvested from another individual). There are also several indications for the application of skin grafts. Proximity to surgical anatomy and mastery of reconstructive techniques are essential for successful graft application. In addition to the grafting technique, the compressive dressing (Brown) optimizes the graft's contact with the wound bed and allows for adequate angiogenesis. This work aims to emphasize the importance of the technical and functional adaptation of grafts in dermatological surgeries. Case report: JHMS, 31 years old, attended the emergency department after trauma due to a fall from a bicycle. presented a picture of mild excoriations in the upper and lower limbs associated with skin loss in the left external periorbital region with a deforming lesion. He was accompanied by the plastic surgery service for a graft approach in the left external periorbital region. The total graft technique was used with skin tissue from the retroauricular region of approximately 2cm in diameter, associated with Brown's dressing in order to minimize deformities. After removal of the dressing, there was good healing and tissue adaptation. Discussion: Skin grafts help repair skin loss without the need for proper vascularization. A study by S. Kwon et al. (2013) analyzed fourteen patients for six years who underwent composite grafts harvested from the pre-auricular area. Skin defects had different causes such as trauma, excision of basal cell carcinoma, nevi, scars. Several parameters were evaluated, such as texture, volume and color. The results showed that grafts composed of skin and subcutaneous tissue can be an effective alternative to EPT for the reconstruction of small to moderate subcutaneous facial defects. The composite graft is less likely to suffer retraction and color changes compared to other types of skin grafts, as can be seen in the Case Report above. In addition, the morbidity of the donor area is minimal when dealing with a small graft less than 4 cm. The compressive dressing (Brown) was left, which aims to reduce the possibility of dislocations that would compromise the vascular communication with the transplanted skin and allow less occurrence of hematoma and seroma, thus avoiding loss of vitality and graft failure. Conclusion: It was observed that grafts composed of skin and subcutaneous tissue represent a good alternative to EPT in small facial defects. They are subject to less retraction and dyschromia when compared to other types of grafts. Like EPT, composite grafts require a well-vascularized bed. This is true in regions such as the pinna or nose. Regardless of the existence of different types of grafts, it is sometimes important to use combinations of various techniques such as Brown's dressing. In many situations, the ideal treatment involves more than one method and it is important to know how to select each one of them, adapting them to each defect and the context of each patient, thus, the use of the technique is important to restore the quality of life of the patient. patient, social inclusion and preservation of self-esteem.
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Número de páginas: 2
- Larissa Pereira Guerra
- Rafaela Araújo Machado
