O DISCURSO JOVEM: CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO ATRAVÉS DA LITERATURA DE CORDEL
O fascínio exercido pela narrativa resiste ao tempo. No entanto, com o advento da tecnologia, em muitos casos as narrativas passaram a ser mediadas pela tela, entre outros recursos tecnológicos (exemplos recentes incluem atividades pedagógicas desenvolvidas de modo remoto no contexto da pandemia COVID19). Por outro lado, decorrente da tradição oral, a literatura de cordel é acessível a pessoas de todas as camadas sociais: do estrato considerado culto até a camada mais popular, que frequentemente tem contato mais direto com o cordel. Em São José dos Campos, no período 2015/2016, realizou-se um projeto cultural que consistiu no oferecimento de oficinas de cordel a alunos de escolas públicas, visando propiciar o contato direto destes com um material mais próximo da tradição oral (e, com isso, da narrativa direta). O projeto buscou capacitar os alunos ao exercício da expressão literária através da criação de textos no formato do cordel. Nas oficinas, a criação coletiva partiu do que por vezes é coibido na escola: as conversas espontâneas entre os estudantes, para definição dos temas a se tratar. Os textos então produzidos pelos alunos foram posteriormente disponibilizados em versão impressa para as escolas participantes e na internet, unindo assim cultura tradicional e tecnologia. A análise dos textos permitiu identificar elementos ideológicos ao se observar os temas e termos predominantes nos textos criados: i) violência; ii) status financeiro e diferenças de classes sociais, iii) bullying; iv) virilidade masculina; v) avaliação da mulher ainda contaminada por preconceito de gênero e aspectos sexuais. A preocupação com o preconceito aparece ao lado de discursos que demonstram preconceito velado no discurso jovem. O material produzido pelos alunos revela aspectos de sua visão de mundo sobre a atualidade, além dos anseios, medos e perspectivas para o futuro.
O DISCURSO JOVEM: CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO ATRAVÉS DA LITERATURA DE CORDEL
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DOI: 10.22533/at.ed.0312127019
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Palavras-chave: cordel, escola, leitor jovem, literatura popular
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Keywords: cordel, school, young reader, popular literature
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Abstract:
The fascination exerted by the narrative persists. However, with the advent of technology, in many cases narratives have been intermediated by the screen, among other technological resources (recent examples include pedagogical activities developed remotely in the context of the COVID19 pandemy). On the other hand, due to the oral tradition, cordel literature is accessible to people from all social strata: from the strata considered cultured to the most popular layer, which frequently has a more direct contact with it. At São José dos Campos, in the 2015/2016 period, a cultural project was carried out, which consisted of offering literature workshops to students from public schools, aiming to provide their direct contact with material closer to oral tradition (and, hence, to direct narratives). The project sought to train students to exercise literary expression through the creation of texts in the structure of the cordel literature. In the workshops, collective creation started from something sometimes censored at school: spontaneous conversations between students, in order to define the topics to be developed. The texts then produced by the students were later made available in print for the participating schools and on the internet, thus allying uniting traditional culture and technology. The analysis of the texts made it possible to identify ideological elements when observing the themes and terms prevalent in the texts created: i) violence; ii) financial status and social class differences, iii) bullying; iv) male virility; v) evaluation of women still contaminated by gender prejudice and sexual aspects. Thus, the concern with prejudice appears alongside speeches that demonstrate veiled prejudice in the youth discourse. The material produced by the students reveals aspects of their worldview about the present, in addition to the yearnings, fears and perspectives for the future.
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Número de páginas: 13
- Cláudia Regina Lemes
- Paulo Roxo Barja
