O confronto com o exercício da parentalidade e a (in)capacidade parental
Enquadramento: O nascimento de um filho aciona uma das transições desenvolvimentais mais dramáticas e intensas do ciclo de vida familiar. Reúne significados e valores que remetem à atribuição e apropriação de papéis e expectativas que recaem sobre os progenitores e desempenham importante impacto sobre a dinâmica de vida pessoal e familiar, suscetível de originar descompensação e vulnerabilidades. Objetivo: Este estudo procurou compreender a experiência de transição para o exercício da parentalidade durante os primeiros seis meses de vida da criança. Metodologia: Grounded Theory, com a participação de cinco pais e cinco mães (casais), com 26-33 anos de idade e filho saudável, nascido de termo. Recolha de dados no domicílio dos participantes, aos primeiros dias, 1º, 4º, 6º mês de vida da criança, através de entrevistas semiestruturadas (total de 60 entrevistas). Recolha, codificação e análise dos dados realizadas de modo simultâneo e recursivo, num processo evolutivo constante. Resultados: Explanam a descoberta do exercício da parentalidade pelos Pais, ao serem confrontados com mudanças e perdas que transtornam a sua vida e os surpreendem. Descrevem a categoria constatando um mundo desconhecido e avassalador, que integra as subcategorias “confrontando-se com a prestação de cuidados”, “constatando o impacto do bebé na sua vida”, “constatando uma realidade tão ou mais exigente que a esperada”, “confrontando-se com o bebé para cuidar”, “sentindo dúvidas no exercício da parentalidade”, “sentindo dificuldades na prestação de cuidados” e “sentindo um acréscimo de dificuldades em conciliar todas as tarefas”. Conclusões: Os Pais não estão preparados para esta transição, demonstram abalo na sua identidade e sentem muitas perdas antes dos benefícios se tornarem evidentes. Os enfermeiros podem dar o contributo inestimável na promoção desta adaptação, centrando o foco da sua intervenção nas estratégias adaptativas parentais que podem ser adotadas para diminuir o impacto desta transição, numa perspetiva antecipatória.
O confronto com o exercício da parentalidade e a (in)capacidade parental
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DOI: 10.22533/at.ed.48221231127
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Palavras-chave: Parentalidade; adaptação; qualidade de vida
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Keywords: Parenting; adaptation; quality of life
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Abstract:
Background: The birth of a child triggers one of the most dramatic and intense developmental transitions in the family life cycle. It brings together meanings and values that refer to the attribution and appropriation of roles and expectations that fall on the parents and have an important impact on the dynamics of personal and family life, susceptible to cause decompensation and vulnerabilities. Objective: This study sought to understand the experience of transition to the exercise of parenthood during the first six months of a child’s life. Methodology: Grounded Theory, with the participation of five fathers and five mothers (couples), aged 26-33 years old and a healthy full-term child. Data collection at the participants’ homes, on the first days, 1st, 4th, 6th month of the child’s life, through semi-structured interviews (total of 60 interviews). Collection, codification and analysis of data carried out simultaneously and recursively, in a constant evolutionary process. Results: Explain the discovery of the exercise of parenthood by parents, when faced with changes and losses that disrupt their lives and surprise them. Describe the category Noting an unknown and overwhelming world, which integrates the subcategories “facing the provision of care”, “noting the baby’s impact on their life”, “noting a reality as demanding or more than expected”, “facing the baby to care after”, “feeling doubts in the exercise of parenthood”, “feeling difficulties in providing care” and “feeling an increase in difficulties in reconciling all tasks”. Conclusions: Parents are not prepared for this transition, demonstrate a strain on their identity and feel many losses before the benefits become evident. Nurses can make an invaluable contribution in promoting this adaptation, focusing their intervention on parental adaptive strategies that can be adopted to reduce the impact of this transition, in an anticipatory perspective.
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Número de páginas: 18
- Cristina Araújo Martins