O BAÇO E A MEDICINA REGENERATIVA.
Introdução: O baço tem funções básicas hematológicas e imunológicas, sendo o maior órgão linfoide do organismo. É um órgão pouco estudado, comparado aos demais órgãos sólidos. Nas últimas décadas ficou evidente que a ausência total do baço, geralmente por esplenectomia, e hiposplenia estão associadas a várias doenças, tais como anemia falciforme, câncer, infecção por HIV. A diminuição da função esplênica pode predispor a eventos tromboembólicos e muitas vezes leva a deficiências imunológicas. Por exemplo, em casos clínicos de COVID-19 foi demostrada falência esplênica; em modelo experimental de infecção por SARS-CoV-2 foi observada linfopenia clínica e atrofia esplênica. Objetivos: Este capítulo reúne as principais informações da atualidade sobre o baço e a sua participação na Medicina Regenerativa com o intuito de difundir o conhecimento deste órgão e as novas perspectivas de seu uso para o delineamento de estudos interdisciplinares de modelo in vitro de doença, triagem de drogas e tratamentos, além de sua aplicação no âmbito da Hematologia e da Imunologia. Métodos: Este trabalho é uma revisão bibliográfica tradicional ou narrativa da literatura que analisou estudos publicados entre os anos de 2000 a 2020, nos idiomas português e inglês, utilizando os descritores: baço, medicina regenerativa, terapia celular, engenharia tecidual, organóides, descelularização, medicina translacional. Resultados: Diversos avanços na área de Medicina Regenerativa do baço foram observados no século XXI, onde os pesquisadores: a) criaram o primeiro dispositivo de baço artificial; b) descobriram uma grande variedade de células-tronco adultas pluripotentes no estroma do órgão; c) comprovaram sua atuação na regeneração de células produtoras de insulina de ilhotas pancreáticas; d) elucidaram mecanismos da regeneração esplênica; e) demonstraram seu potencial uso diagnóstico em imunotoxicidade a biomateriais; f) seu uso em tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico; g) sua capacidade de suportar a hematopoiese e mielopoiese; h) desenvolvimento de protocolos para geração de organóides esplênicos que podem ser utilizados em diversas aplicações; e, i) a geração de arcabouços biológicos de matriz extracelular esplênica descelularizada, servindo de suporte para tecido hepático, pancreático e esplênico engenheirado. Conclusão: O baço vem se mostrando um órgão versátil e com múltiplas aplicabilidades em Medicina Regenerativa. Podemos vislumbrar que novos estudos surgirão não só para a geração de um baço bioartificial compatível e funcional, mas também, em sua grande maioria, utilizando o baço como ferramenta de estudo e aplicação nas diversas áreas acima mencionadas.
O BAÇO E A MEDICINA REGENERATIVA.
-
DOI: 10.22533/at.ed.68621080917
-
Palavras-chave: baço, Medicina Regenerativa, Terapia Celular, Engenharia Tecidual, organóides, descelularização, arcabouço biológico de baço.
-
Keywords: spleen, Regenerative Medicine, Cell Therapy, Tissue Engineering, organoids, decellularization, spleen biological scaffolds.
-
Abstract:
Introduction: The spleen has basic Hematological and Immunological functions, being the largest lymphoid organ in the body. It is a poorly studied organ compared to other solid organs. In recent decades it has become evident that the total absence of the spleen, usually by splenectomy, and hyposplenia are associated with several diseases, such as sickle cell anemia, cancer, HIV infection. Decreased splenic function can predispose to thromboembolic events and often leads to immune deficiencies. For example, in clinical cases of COVID-19 splenic failure has been demonstrated; in an experimental model of infection by SARS-CoV-2 clinical lymphopenia and splenic atrophy were observed. Objectives: This chapter assemble the main current information about the spleen and its participation in Regenerative Medicine showing new perspectives of its use for the design of interdisciplinary studies of in vitro model of disease, screening of drugs and treatments, in addition to their application in the field of Hematology and Immunology. Methods: This work is a traditional literature review that analyzed studies published between 2000 and 2020, in Portuguese and English, using the descriptors: spleen, regenerative medicine, cell therapy, tissue engineering, organoids, decellularization, translational medicine. Results: Several advances in the area of Spleen Regenerative Medicine were observed in the 21st century, where researchers: a) created the first artificial spleen device; b) discovered a wide variety of pluripotent adult stem cells in the organ's stroma; c) its action in the regeneration of insulin-producing cells from pancreatic islets; d) elucidated mechanisms of splenic regeneration; e) demonstrated its potential diagnostic use in immunotoxicity to biomaterials; f) its use in the treatment of ischemic stroke; g) its ability to support hematopoiesis and myelopoiesis; h) development of protocols for the generation of splenic organoids that can be used in different applications; and, i) the generation of biological scaffolds of decellularized splenic extracellular matrix, serving as support for engineered hepatic, pancreatic and splenic tissue. Conclusion: The spleen has proven to be a versatile organ with multiple applications in Regenerative Medicine. We can foresee that new studies will emerge not only for the generation of a compatible and functional bioartificial spleen, but also, for the most part, using the spleen as a study and application tool in the various areas mentioned above.
-
Número de páginas: 18
- Tatiane Santos de Oliveira
- Sérgio Paulo Bydlowski
- Marluce da Cunha Mantovani
