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NOVAS FRONTEIRAS DA METFORMINA: UMA REVISÃO NARRATIVA COM EVIDÊNCIAS ATUAIS PARA USOS CLÍNICOS E POTENCIAIS TERAPÊUTICOS PARA ALÉM DA DIABETES TIPO II

A metformina, tradicionalmente um dos pilares no tratamento do diabetes mellitus tipo 2, tem ganhado destaque nas últimas décadas por seu potencial além do controle glicêmico. Diversos estudos apontam que seus efeitos metabólicos e celulares, especialmente sobre as vias da AMPK, mTOR e IGF-1, podem influenciar positivamente processos envolvidos em múltiplas patologias.  Diante desse cenário, esta revisão narrativa teve como objetivo sintetizar e discutir as evidências atuais sobre as aplicações clínicas não diabéticas da metformina e seu potencial terapêutico emergente em outras áreas da medicina.  Nos achados, a metformina demonstrou benefícios bem estabelecidos em condições ligadas à resistência insulínica: na síndrome dos ovários policísticos (SOP), melhora o perfil metabólico e pode favorecer a ovulação e a gestação. Em indivíduos com obesidade, o medicamento apresenta um efeito modesto, mas consistente, na redução do peso e de marcadores metabólicos, atuando como adjuvante às mudanças de estilo de vida. Na prevenção do diabetes tipo 2, os resultados são robustos, com a metformina reduzindo significativamente a progressão do pré-diabetes.  Em contrapartida, os efeitos em outras áreas carecem de maior comprovação. Em longevidade, modelos animais sugerem um potencial geroprotetor ao retardar processos do envelhecimento, contudo, ensaios clínicos robustos em populações não diabéticas ainda são incipientes. Achados iniciais também indicam efeitos neuroprotetores, com melhora discreta da função cognitiva em indivíduos com comprometimento leve, mas as evidências clínicas permanecem limitadas. Na oncologia, os estudos são heterogêneos, com possível benefício em tumores hormônio-dependentes e ausência de modificação significativa ou piora em neoplasias do trato digestivo, reforçando a necessidade de pesquisas que definam subgrupos e biomarcadores de resposta.  Em suma, a metformina apresenta benefícios clínicos consolidados em condições ligadas à resistência insulínica, mas seus efeitos em envelhecimento, cognição e oncologia são promissores e requerem maior validação clínica. O fármaco se consolida como uma das drogas mais seguras da prática contemporânea, com grande potencial de reposicionamento. Contudo, a definição de seu papel além do diabetes dependerá de novos ensaios clínicos robustos e de longo prazo, capazes de definir com precisão seus mecanismos, dose alvo e populações-alvo para cada caso.
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NOVAS FRONTEIRAS DA METFORMINA: UMA REVISÃO NARRATIVA COM EVIDÊNCIAS ATUAIS PARA USOS CLÍNICOS E POTENCIAIS TERAPÊUTICOS PARA ALÉM DA DIABETES TIPO II

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.16125161012

  • Palavras-chave: Metformina, Resistência à insulina, Envelhecimento, Neuroproteção, Síndrome dos ovários policísticos, Obesidade, Pré-diabetes, Prevenção do diabetes, Câncer.

  • Keywords: Aging, Cancer, Diabetes Prevention, Insulin Resistance, Metformin, Neuroprotection, Obesity, Polycystic Ovary Syndrome, Pre-diabetes.

  • Abstract: Metformin, traditionally a cornerstone treatment for type 2 diabetes mellitus, has gained significant attention in recent decades for its potential beyond glycemic control. Multiple studies indicate that its metabolic and cellular effects, especially on the AMPK, mTOR, and IGF-1 pathways, may positively influence processes involved in various pathologies.  Given this scenario, this narrative review aimed to synthesize and discuss the current evidence regarding the non-diabetic clinical applications of metformin and its emerging therapeutic potential in other areas of medicine.  The findings demonstrate well-established benefits of metformin in conditions linked to insulin resistance: in polycystic ovary syndrome (PCOS), it improves the metabolic profile and may promote ovulation and pregnancy. In individuals with obesity, the drug shows a modest but consistent effect on weight reduction and metabolic markers, acting as an adjunct to lifestyle changes. In type 2 diabetes prevention, the results are robust, with metformin significantly reducing the progression from pre-diabetes.  In contrast, the effects in other areas require further validation. In longevity, animal models suggest a geroprotective potential by delaying aging processes; however, robust clinical trials in non-diabetic populations are still incipient. Initial findings also indicate neuroprotective effects, with a slight improvement in cognitive function in individuals with mild cognitive impairment, but clinical evidence remains limited. In oncology, studies are heterogeneous, with a possible benefit in hormone-dependent tumors and an absence of significant modification or even worsening in digestive tract neoplasms, reinforcing the need for research to define subgroups and response biomarkers.  In summary, metformin exhibits consolidated clinical benefits in insulin resistance-related conditions, but its effects on aging, cognition, and oncology are promising and require further clinical validation. The drug is established as one of the safest in contemporary practice, with great potential for repositioning. However, defining its role beyond diabetes will depend on new, robust, and long-term clinical trials capable of precisely defining its mechanisms, target dose, and target populations for each case.

  • MARIA EDUARDA MENDES DA CUNHA
  • Karina Santos de Faria
  • Mônica Martinez Segura Teixeira Coelho
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