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NOVAS DIFICULDADES PERCEPTUAIS PARA RECONHECER OS TRAÇOS INVARIANTES DAS LETRAS

Ao aplicar as evidências da neurociência às pesquisas que venho realizando desde 2017 sobre a leitura e escrita de crianças nordestinas de 6 e 7 anos, beneficiadas pelo Sistema Scliar de Alfabetização, constatei que, além das dificuldades perceptuais advindas de os neurônios da visão não terem sido geneticamente programados para reconhecer as distinções dos traços invariantes das letras, entre direção para a esquerda e direita, como, por exemplo, entre b/d e de outras dificuldades como desmembrar a sílaba para desenvolver a consciência fonêmica e como converter os vocábulos separados por espaços em branco, em especial os átonos, no contínuo da cadeia da fala, quando se lê, faz-se necessário acrescer mais duas dificuldades, não tratadas na literatura científica que trata da aprendizagem da leitura. A 1ª destas duas dificuldades suscitou a pergunta: Por que alunos do 2ª ano do Ciclo da Alfabetização, em escolas públicas, nas cidades de Lagarto, SE e S. José da Laje, AL, em seus primeiros textos em letra cursiva, nos gêneros narrativa e convite, embora demonstrassem domínio sobre a estrutura e sobre os propósitos pragmáticos de tais gêneros, sistematicamente, tinham dificuldade em ultrapassar a linha de base nas letras quando era necessário? A causa é a dificuldade cognitiva para inferenciar a linha de base no sistema de escrita latino impresso, o que é necessário para reconhecer a diferença entre pares de letras nos quais só numa delas, o traço invariante cruza em milímetros tal linha de base inferida, como em p/b, q/d (em 3 casos, o cruzamento resulta em minúsculo semicírculo: j/i, y/v, ç/c). A não inferência, na alfabetização para a leitura, determinou na produção dos textos iniciais em letra cursiva (convites ou narrativas), que as crianças ignorassem o cruzamento por alguns traços: no caso do ‘p’, resultou em transformá-lo na maiúscula ‘P’, com a incoerência de seu uso. A 2ª dificuldade é não operar com o valor do zero ou ausência, conforme Saussure, para atingir a maior economia e simplicidade na explanação linguística, com efeitos sobre a psicolinguística aplicada à alfabetização. Tais descobertas contribuem para desmistificar certos mitos ainda vigentes que solapam a boa qualidade da alfabetização no Brasil.
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NOVAS DIFICULDADES PERCEPTUAIS PARA RECONHECER OS TRAÇOS INVARIANTES DAS LETRAS

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.5722515014

  • Palavras-chave: leitura e escrita; dificuldades perceptuais; neurônios da visão; linha de base.

  • Keywords: reading and writing; perceptual difficulties; vision neurons; baseline.

  • Abstract: When applying neuroscience evidence to research I have been carrying out since 2017 on the reading and writing of 6 and 7 year old children from the Northeast, benefiting from the Scliar Early Literacy System, I found that, in addition to the perceptual difficulties arising from vision neurons not having been genetically programmed to recognize the distinctions between the letters invariant features and between direction to the left and right, such as, for example, between b/d and other difficulties such as breaking down the syllable to develop phonemic awareness and how to convert words separated by blank spaces, especially clitics, in the speech chain continuum, when reading, it is necessary to add two more difficulties, not addressed in the scientific literature that deals with learning to read. The first of these two difficulties raised the question: Why did public school students in Early Literacy Cycle 2 nd year, in the cities of Lagarto, SE and S. José da Laje, AL, while producing their cursive first texts, in the narrative and invitation genres, although they demonstrated mastery over the structure and about such genres pragmatic purposes, systematically, had difficulty exceeding the baseline when it was necessary? The cause is the cognitive difficulty for inferring the baseline in the printed Latin writing system, which is necessary to recognize the difference between letters pairs in which only in one of them, the invariant feature crosses in millimeters such inferred baseline, as in p/b, q/d (in 3 cases, the crossing results in a tiny semicircle: j/i, y/v, ç/c). The non-inference, in early literacy for reading, determined in the initial texts in cursive production (invitations or narratives), that children ignored the crossing by some features: in the case of 'p', it resulted in transforming it into a capital letter 'P', with the inconsistency of its use. The 2 nd difficulty is not operating with the zero or absence value, according to Saussure, to achieve greater economy and simplicity in linguistic explanation, with effects on psycholinguistics applied to early literacy. Such discoveries contribute to demystifying certain myths that still exist, undermining an efficient early literacy in Brazil.

  • Leonor Scliar Cabral
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