Com a instalação do polo naval na cidade de Rio Grande- RS em 2006, uma leva de mão de obra exógena aportou nessa região até então marcada pela moderação e estabilidade de sua atividade urbana. A chegada de estrangeiros não tardou a gerar conflitos de ordem cultural, sobretudo no encontro de culturas distintas, a saber, do gaúcho com os estrangeiros que passaram a ser identificado sob a figura do "baiano". O designativo “baiano” é uma categoria da qual o habitante local se utiliza visando denigrir aquele ao qual o termo é destinado e ao mesmo tempo restaurar a realidade social daquele que o enuncia. “Baiano”, portanto, pouco tem a ver com a identificação do habitante do estado da Bahia. O termo se dirige a trabalhadores cariocas, paulistas, pernambucanos, paraibanos, e de outras regiões do Brasil que vieram ocupar os postos de trabalho abertos no polo naval riograndino em função ausência de mão de obra qualificada na região. Desse modo “Baiano” seria antes um aglomerado de diferenças transformadas em semelhanças para serem reunidas em uma mesma categoria a partir de afinidades construídas e sustentadas por dispositivos de linguagem assim como por mecanismos de produção de consenso.