Dentre as personagens históricas da Guerra do Contestado, o monge José Maria destaca-se como um personagem apresentado sob uma ótica vilanizada nos relatos do conflito. Apesar de ser citado em documentos legais e fontes da época, o mistério em relação a sua vida permanece, sendo que as informações fornecidas são desencontradas e até mesmo contraditórias. Essa zona nebulosa sobre sua trajetória facilitou o posterior processo de demonização de sua memória. Distinguir o que é “verossímil” do que é “ficção histórica” é uma tarefa bastante difícil e muitas vezes inconclusiva. O caso de José Maria encaixa-se dentro dessa problemática, contudo, há a possibilidade de depurar as fontes primárias e secundárias no intuito de reabilitar a memória dos derrotados através da fala dos vencedores. Esse trabalho deriva-se da pesquisa de dissertação no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA) na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Esse projeto de pesquisa é orientado pelo Prof. Dr. Rogério Rosa Rodrigues e o processo de elaboração da dissertação são amplamente discutidos dentro do grupo de estudos chamado de “Estação Contestado”, coordenado pelo próprio orientador e integrado por alunos da graduação e da pós-graduação da UDESC e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).