Mecanismos de resistência em bactérias Gram-negativas: Desafios atuais e perspectivas terapêuticas
O tratamento das infecções bacterianas é um desafio constante na
microbiologia, desde seus primórdios, quando se buscava por um composto contra
sífilis, o “Salvarsan” e depois com seu marco na descoberta de uma substância
produzida por um fungo e que era nocivo contra estafilococos. Essa descoberta
ocorreu em 1928, quando Alexander Fleming encontrou em placa de Petri, o
primeiro antibiótico do mundo, a penicilina, dando início à chamada era dos
antibióticos e revolucionando o combate às doenças infecciosas. Após a descoberta
da penicilina com ação na parede celular desses microrganismos surgiram também
novas classes de antibióticos com ação em outras estruturas da bactéria como é o
caso dos macrolídeos e aminoglicosídeos (Guimarães et al, 2010).
Atualmente, o mundo vive a nominada “era pós antibiótica”, caracterizada
pelos mecanismos de resistência desenvolvidos pelas bactérias aos antibióticos
disponíveis. Tal resistência tem ocorrido pelo uso excessivo e indevido de
antimicrobianos na saúde e na agricultura. Somente no ano de 2019, essa
resistência aos antibióticos disponíveis foi responsável por 1,3 milhões de mortes
(ONU, 2023) e tem levado ao aparecimento de infecções difíceis ou até impossíveis
de tratar, aumentando o risco de disseminação de doenças mortais e o custo com
assistência à saúde (Anvisa, 2024). Estimativas indicam que, a partir de 2050, as
chamadas superbactérias poderão causar mais mortes anuais do que o câncer,
podendo alcançar cerca de 10 milhões de óbitos por ano (Ferreira, 2024).
A resistência bacteriana aos antimicrobianos constitui, portanto, um dos
maiores desafios globais para a saúde pública no século XXI (WHO, 2024).
Bactérias Gram-negativas, em particular, destacam-se pela notável capacidade de
desenvolver e disseminar múltiplos mecanismos de resistência, comprometendo a
eficácia de diversas classes de antibióticos (LEPE; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, 2022).
Conhecer alguns dos principais mecanismos fisiológicos que permitem às
bactérias Gram-negativas desenvolverem resistência aos antimicrobianos,
exemplificar microrganismos de relevância clínica, e analisar as estratégias
terapêuticas emergentes que visam contornar a escassez de tratamentos eficazes
pode contribuir na escolha clínica para o controle dessas infecções.
Mecanismos de resistência em bactérias Gram-negativas: Desafios atuais e perspectivas terapêuticas
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.1612516107
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Palavras-chave: .
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Keywords: .
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Abstract: .
- Ingrid Emanoelly Oliveira Camilo
- Eduarda Geovana Coelho dos Santos
- Marcely de Oliveira Peixoto
- Ana Clara Lentz Lopes de Morais
- Arthur Anthony Corrêa Barbosa
- Marisa Cristina da Fonseca Casteluber