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capa do ebook MASS INCARCERATION E HYPERINCARCERATION: A REALIDADE BRASILEIRA ENTRE O SENSO COMUM E A PESQUISA CRIMINOLÓGICA

MASS INCARCERATION E HYPERINCARCERATION: A REALIDADE BRASILEIRA ENTRE O SENSO COMUM E A PESQUISA CRIMINOLÓGICA

O conceito de “mass incarceration”

ganhou releitura de David Garland como

fenômeno novo no mundo penitenciário, que

se apoia no agigantamento da população

carcerária e das taxas de aprisionamento,

além da concentração de seus efeitos em

grupos populacionais específicos. Löic

Wacquant propõe ajustes terminológicos ao

“mass incarceration”, adotando a expressão

“hyperincarceration”. Desse modo, desvela

sentidos na opacidade da linguagem,

evidenciando a distinção entre o encarceramento

desmedido e os fenômenos de massa. Sua

abordagem, portanto, não desconsidera o

fim das políticas do Welfare State, nem a

influência de demais fatores conjunturais, mas

destaca a seletividade do sistema de justiça,

guiado, sobretudo, por questões de classe,

raça e origem, em expressão de outra face do

projeto de ampliação do Estado neoliberal. No

Brasil, as prisões seguem se expandido, em

dimensões efetivas e simbólicas, cerceando

liberdades e garantias. O discurso punitivista

midiático, associado à instrumentalização

política da Justiça Penal, tem robustecido a

crença da população em instituições prisionais

falidas, cristalizando o desejo de dilatação

do cárcere, concebido como símbolo de luta

contra impunidade. O reforço do ideal da prisão

como “justiça” e de sua difusão igualitária,

passa a ocultar a essência seletiva do sistema

penal, que permanece comprometido com a

segregação de grupos sociais determinados.

A reflexão proposta visa a debater a questão

carcerária brasileira, a partir da aplicabilidade

dos aportes teóricos fornecidos por Garland

e Wacquant, destacando em que medida o

uso do sistema penal como panaceia para os

problemas sociais se legitimaria pelo senso

comum da prisão como sinônimo de “justiça”.

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MASS INCARCERATION E HYPERINCARCERATION: A REALIDADE BRASILEIRA ENTRE O SENSO COMUM E A PESQUISA CRIMINOLÓGICA

  • DOI: 10.22533/at.ed.43619050716

  • Palavras-chave: “mass incarceration”; “hyperincarceration”; “seletividade”; “Justiça Criminal”; “senso comum”.

  • Keywords: "mass incarceration"; "hyperincarceration"; "selectivity"; "Criminal Justice"; "common sense".

  • Abstract:

    The concept of mass incarceration

    got a relevant interpretation of David Garland as a completely new phenomenon in the

    penitentiary world, based on the discrepant size of the current prison population and

    the imprisonment rates, besides the impact of social effects on specific population

    groups. Löic Wacquant proposes some terminological adjustments to the “mass

    incarceration”, adopting the expression "hyperincarceration". The idea behind the

    nomenclature change is to highlight the meanings hidden in the language opacity,

    putting in evidence the distinction between the excessive incarceration and a mass

    phenomenon. His approach doesn’t ignore the end of Welfare State policies, nor the

    influence of other conjunctural factors, but emphasizes the selectivity of the criminal

    justice system, as a face of the neoliberal state project. In this context, Brazil continue

    to expand prisons, in their effective and symbolic dimensions. The criminalizing media

    discourse, associated with the political use of criminal justice, has reinforced the

    popular belief in prison institutions and crystallized the idea of jail as symbol of “fight

    against impunity”. The reinforcement of prison as some synonym of egalitarian justice

    tends to omit the selective essence of the penal system, which remains committed to

    the segregation of specific groups. In summary, this article aims to discuss the Brazilian

    prison question, based on the applicability of the theoretical contributions provided

    by Garland and Wacquant, highlighting how the use of the penal system as the main

    solution of the social conflicts can be legitimized by the common sense of prison as

    symbol of “justice”.

  • Número de páginas: 15

  • Theuan Carvalho Gomes da Silva
  • BARBARA SIQUEIRA FURTADO
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