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capa do ebook MANEJO MULTIMODAL DE UM CASO RARO DE MELANOMA MUCOSO NASAL BASEADO NA ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E MUTACIONAL

MANEJO MULTIMODAL DE UM CASO RARO DE MELANOMA MUCOSO NASAL BASEADO NA ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E MUTACIONAL

O melanoma de mucosa (MM) é uma neoplasia maligna rara, com alto potencial de infiltração local e disseminação à distância, e prognóstico muito ruim quando diagnosticado em estágio avançado. Representa 1% dos casos de melanoma, dentre os quais 55% estão localizados na região de cabeça e pescoço. Devido à raridade, aos múltiplos sítios anatômicos de acometimento e ao comportamento clínico distinto do melanoma cutâneo (MC), o manejo terapêutico ideal para esses pacientes ainda é controverso. A melhor compreensão da biologia tumoral permite, atualmente, além da cirurgia, radioterapia e quimioterapia, o uso de terapias-alvo e imunoterapia, com resultados clínicos promissores. O presente relato de caso visa descrever um caso atípico de MM nasal (MMN) avançado. Trata-se de paciente do sexo feminino, 64 anos, que iniciou 3 meses previamente ao diagnóstico quadro de congestão nasal e epistaxe, de curso intermitente, evoluindo nos 2 últimos meses com progressivo edema periorbitário e proptose ocular. Realizou Ressonância Magnética (RM) que evidenciou lesão expansiva nasal/orbitária à direita infiltrando os seios da face e parênquima encefálico. Após a biópsia, foi confirmado o diagnóstico de melanoma invasivo primário. Em análise molecular, foi detectada a mutação G13R no códon 13 do gene NRAS. Após discussão multidisciplinar, foram indicados 4 ciclos de nivolumabe 3mg/kg + ipilimumabe 1mg/kg, concomitante à Radioterapia (RT), pela técnica de intensidade modulada (IMRT) e com dose total de 40 Gy na lesão primária. Durante o processo de planejamento da IMRT, foi identificado acometimento secundário de sistema nervoso central (SNC) com padrão de micrometástases difusas associadas a disseminação leptomeníngea, sendo necessário adicionar simultaneamente 30 Gy em região holoencefálica, divididos em 10 frações. Foram realizadas 7 das 10 frações previstas da RT e 1 dos 4 ciclos previstos da combinação de imunoterapia. A paciente evoluiu com hemorragia intratumoral e intraparenquimatosa cerebral, progredindo rapidamente para morte encefálica. Os MMNs são extremamente raros, ainda pouco descritos e com pior prognóstico em relação aos MCs. Muitas vezes apresentam-se de forma assintomática nas fases iniciais da doença, atrasando o diagnóstico. Nos pacientes com doença localizada, a ressecção cirúrgica sempre deve ser considerada, embora a complexidade anatômica e o potencial de infiltração neoplásica microscópica possam tornar difícil a obtenção de margens cirúrgicas amplas. A RT adjuvante tem sido utilizada com intuito de potencializar o controle local, em doses entre 35 Gy e 60 Gy. Na doença locorregional com impossibilidade de ressecção cirúrgica curativa e no cenário de doença metastática, modalidades de tratamento sistêmico tem emergido como forma de melhorar o desfecho desses pacientes, muitas vezes associados à RT, sendo esta empregada de forma concomitante ou sequencial. Estas novas estratégias de tratamento sistêmico baseadas em terapias-alvo para pacientes com mutação em BRAF e KIT e no uso de inibidores de checkpoint imune, como anti-PD-1 em monoterapia ou associado a anti-CTLA4, são consolidadas no tratamento do MC e seus resultados vem sendo extrapolados para o tratamento do MM, devido à escassez de dados. É consenso de que devido ao comportamento distinto entre estas duas enfermidades, são necessários mais estudos prospectivos e específicos para MM, visando a otimização do tratamento desta doença tão desafiadora na prática clínica.

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MANEJO MULTIMODAL DE UM CASO RARO DE MELANOMA MUCOSO NASAL BASEADO NA ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E MUTACIONAL

  • DOI: 10.22533/at.ed.39122280417

  • Palavras-chave: neoplasias de cabeça e pescoço; melanoma; mucosa nasal

  • Keywords: head and neck neoplasms; melanoma; nasal mucosa

  • Abstract:

    BACKGROUND: Mucosal melanoma (MM) is a rare malignant neoplasm, with high potential invasiveness, local infiltration and an extremely poor prognosis when diagnosed at an advanced stage. It represents 1% of all cases of  melanoma and 55% of these are located in the head and neck region. Due to its rarity, multiple anatomical sites of involvement, and behaviors that differ from those of clinical cutaneous melanoma (CM), the best therapeutic option continues to be a controversial issue. Understanding the tumor biology allows the use of targeted therapies and immunotherapy with promising clinical results. OBJECTIVE: The aim of this case report was to describe a rare case of advanced NMM. MATERIAL AND METHODS: A 64-years-old woman, who experienced an intermittent course of nasal congestion and epistaxis 3 months before the tumor diagnosis, which developed with progressive periorbital edema and ocular proptosis in the last 2 months. Magnetic resonance imaging (MRI) showed an expansive lesion in the right nasal/orbital cavity, infiltrating the sinuses and encephalic parenchyma.      The biopsy      confirmed the diagnosis of primary invasive      melanoma. The molecular analysis      detected the G13R mutation in codon 13 of the NRAS gene. After multidisciplinary discussion, 4 cycles of Nivolumab 3mg/kg,  plus Ipilimumab 1mg/kg were indicated, concomitantly with 40Gy (in 10 fractions delivered). Radiotherapy (RT) was delivered by the intensity modulated technique (IMRT) to the primary lesion. During the IMRT planning process, secondary involvement of the central nervous system (CNS) with a pattern of diffuse lesions associated with leptomeningeal dissemination was identified, and simultaneously the addition of 30 Gy in 10 fractions to the holocephalic region was planned. After seven sessions of RT and one cycle of the immunotherapy, the patient evolved with intratumoral and intraparenchymal brain hemorrhage and died. CONCLUSION: In conclusion, the MMs are extremely rare, poorly described in the literature and have a worse prognosis when compared with CMs. MM often presents asymptomatically in the early stages of the disease, delaying diagnosis. For patients with localized lesions, surgical resection should always be considered, although the anatomical complexity and potential for microscopic neoplastic infiltration can make it difficult to achieve tumor-free surgical margins. Adjuvant RT has been used to increase local control with given doses between 35 Gy and 60 Gy. 

  • Número de páginas: 11

  • Wilber Edison Bernaola-Paredes
  • Eloah Pascuotte Filippetti
  • Ronaldo Nunes Toledo
  • Milton José Barros Silva
  • Caio Dabbous de Liz
  • João Victor Alves Castro
  • Clóvis Antonio Lopes Pinto
  • Antônio Cássio Assis Pellizzon
  • lucas torres pires
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