LYGIA |FAGUNDES TELLES; CLARICE LISPECTOR, NÉLIDA PIÑON, ORLANDA AMARÍLIS E DINA SALÚSTIO - AUTORIA FEMININA A VOZ DE RESISTÊNCIA
A discussão em torno da atuação e a participação da mulher na sociedade ainda tem um longo percurso para que se alcance a equidade. Num cenário social e político que abre espaço para o acirramento de discursos retrógrados a respeito das relações de gênero na sociedade, torna-se cada vez mais urgente que um contradiscurso se levante para reafirmar direitos já conquistados e ampliá-los. A literatura, nesse sentido, pode ocupar esse lugar de resistência e no que se refere à participação da autoria feminina pode tanto denunciar sua ausência ou pouca participação, como reivindicar a expansão de tais espaços. Desse modo, a presença ou ausência no mercado editorial revela uma amostra dos desafios enfrentados pelas mulheres para sua inserção em certas áreas. Entretanto, a literatura também contribui para a reafirmação ou desacomodação dos estereótipos femininos via suas personagens. Dito de outro modo, numa perspectiva histórica, a literatura ora reproduz certos estereótipos femininos que atuam na manutenção da dominação masculina e da concepção sexista da sociedade, ora abre-se para a denúncia ou para a problematização desses modos de representação, desnaturalizando o que é historicamente construído. Em razão de certa herança patriarcal da sociedade ocidental de base judaico-cristã, as vozes de resistência ultrapassam fronteiras geográficas. Este estudo, parte de uma perspectiva da crítica feminista e da abordagem dos estudos culturais e da hermenêutica do cotidiano (DIAS, 1994, 1998) a fim de demonstrar como as literaturas brasileira e africanas de língua portuguesa de autoria feminina tornam-se refratárias às tentativas de silenciamento, às investidas de “dominação masculina” (BOURDIER, 2012) que limita a mulher aos espaços privados, de modo a objetificá-la via um discurso culpabilizante. Por fim, desestabilizar os olhares sobre as personagens femininas, torna-se também ato de resistência às investidas de silenciamento das pesquisas das Ciências Humanas pelo poder institucionalizado do Estado.
LYGIA |FAGUNDES TELLES; CLARICE LISPECTOR, NÉLIDA PIÑON, ORLANDA AMARÍLIS E DINA SALÚSTIO - AUTORIA FEMININA A VOZ DE RESISTÊNCIA
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DOI: 10.22533/at.ed.1392205099
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Palavras-chave: Estudos Comparados, Contos, Lygia |Fagundes Telles; Clarice Lispector, Nélida Piñon, Orlanda Amarílis, Dina Salústio.
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Keywords: Comparative Studies, Short Stories, Lygia |Fagundes Telles; Clarice Lispector, Nélida Piñon, Orlanda Amarílis, Dina Salústio.
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Abstract:
The discussion around the role and participation of women in society still has a long way to go in order to achieve equity. In a social and political scenario that open spaces for the intensification of retrograde discourses regarding gender relations in society, it becomes increasingly urgent for a counter-discourse to arise to reaffirm and expand rights already conquered. Literature, in this sense, can occupy this place of resistance and with regard to the participation of female authorship, it can either denounce its absence or little participation, as well as claim the expansion of such spaces. Thus, the presence or absence in the publishing market reveals a sample of the challenges faced by women for their insertion in certain areas. However, literature also contributes to the reaffirmation or disaccommodation of female stereotypes through its characters. In other words, from a historical perspective, literature sometimes reproduces certain female stereotypes that act in the maintenance of male domination and the sexist conception of society, sometimes it opens up to the denunciation or the problematization of these modes of representation, denaturalizing what is historically built. Due to a certain patriarchal heritage of western judeo-christian society, the voices of resistance go beyond geographical boundaries. This study starts from a perspective of feminist criticism and the approach of cultural studies and the hermeneutics of everyday life (DIAS, 1994, 1998) in order to demonstrate how brazilian and african literatures written in portuguese by female authors become refractory to attempts at silencing, to the onslaught of " male domination” (BOURDIER, 2012) that limits women to private spaces, in order to objectify them via a blaming discourse. Finally, destabilizing the views on the female characters also becomes an act of resistance to the onslaughts of silencing research in the Human Sciences by the institutionalized power of the State.
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Número de páginas: 12
- pedro manoel monteiro
- Raquel Aparecida Dal Cortivo