“LGBTTrabalhadores”: os fora da norma inseridos no mercado de trabalho
Por conceber sexo, gênero
e sexualidade baseados em sistemas
binários, naturais e fixos e por organizar as
práticas sociais a partir da premissa de que
a heterossexualidade é a única e correta
forma de viver a sexualidade, diz-se que
nossa sociedade é, hegemonicamente,
heteronormativa. Marginalizam-se, assim, todas
as outras formas de configuração e vivência
das identidades de gênero e sexualidades que
permeiam os extremos binários (masculino/
feminino, hétero/homossexual). Desta forma,
percebe-se a exclusão psicossocial de
pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e
transgêneros) em diversos âmbitos da vida
social, impactando significativamente também
nas suas relações de trabalho. Este cenário
acirra-se desde a década de 1990, quando as
profundas mudanças ocorridas no mundo do
trabalho vêm dificultando ainda mais o acesso
e a permanência de pessoas que, visivelmente,
fogem do padrão posto no mercado de trabalho
formal. Este trabalho pretende analisar as
representações de um grupo de pessoas
que destoam dos padrões heteronormativos,
quer seja por orientação sexual ou identidade
de gênero, acerca de suas trajetórias de
vida e suas relações com o trabalho. Adotase uma metodologia qualitativa, entrevistas
semiestruturadas como instrumento de coleta
de dados, analisados por meio de análise
temática. Os dados apontam para vivências de
preconceito nos âmbitos familiares, escolares e
profissionais que impactam na forma como os
sujeitos percebem a si mesmos e aos outros
e condicionam a maneira como se relacionam
socialmente. A escola e o trabalho adquirem
sentido de local de constrangimento, sofrimento,
luta, mas também de superação, realização,
utilidade e exercício da cidadania.
“LGBTTrabalhadores”: os fora da norma inseridos no mercado de trabalho
-
DOI: 10.22533/at.ed.9021905022
-
Palavras-chave: Heteronormatividade, trajetórias de vida, exclusão psicossocial, sentidos do trabalho.
-
Keywords: Heteronormativity, life trajectories, psychosocial exclusion, work significations.
-
Abstract:
By conceiving sex, gender and
sexuality based on binary, natural and fixed
systems and by organizing the social practices
from the premise that heterosexuality is the only
and the correct way of living sexuality, it is said that
our society is hegemonically heteronormative.
Thus, all the other forms of configuration and experience of the gender identities and
sexualities that permeate the binary ends (male / female, heterosexual / homosexual)
are marginalized. In this way, the psychosocial exclusion of LGBT people (lesbians,
gays, bisexuals and transgenders) can be perceived in several spheres of social life,
also significantly affecting their working relationships. This scenario has been growing
since the 1990s, when profound changes in the world of work have made it even more
difficult for people which obviously do not fit the standard of the formal labor market
to access and remain it. This paper aims to analyze the representations of a group
of people who disrupt heteronormative patterns, whether for sexual orientation or
gender identity, about their life trajectories and their relationships with work. It adopts a
qualitative methodology, semi-structured interviews as an instrument of data collection,
analyzed through thematic analysis. The data point to experiences of prejudice in
the family, school and professional environments that impact on how the individuals
perceive themselves and others and condition the way they relate socially. The school
and the work acquire sense of place of embarrassment, suffering, struggle, but also of
overcoming, accomplishment, utility and exercise of citizenship.
-
Número de páginas: 15
- Rosemeire Aparecida Scopinho
- Rafael Paulino Juliani