O presente artigo procura desenvolver uma análise das trajetórias profissionais e acadêmicas dos presidentes do Banco Central do Brasil, além das suas biografias, principalmente a partir da introdução do Plano Real em 1994, considerado para muitos especialistas como o marco divisor de águas do empoderamento dessa instituição em termos econômicos e políticos. Esse artigo pretende discutir como o Banco Central transformou-se na principal instituição brasileira conjuntamente com a Petrobrás por concentrar em seu poder as decisões da política econômica nacional através do controle da política monetária e cambial e indiretamente também da política fiscal sendo a chave do cofre de praticamente todas as principais políticas públicas sociais e de infraestrutura, já que quase metade do orçamento da união; que reflete também nos estados e municípios passa a ser obrigatoriamente destinado ao pagamento dos juros da dívida pública administrado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC ou BACEN). Para compreender melhor essa dinâmica de interesses entre o Banco Central e o amplo mercado financeiro nacional e internacional em tempos de capitalismo neoliberal na mundialização do capital pretende-se responder ao seguinte questionamento: queremos saber sobre os indivíduos pertencentes às elites profissionais e acadêmicas do mercado financeiro inseridos como os principais administradores presidentes do Banco Central ao longo dessa trajetória histórica de construção de um poder cada vez maior, refletido também na posição de status e prestígio conferido ao cargo de Ministro Presidente do Banco Central do Brasil. Em que medida esses indivíduos ocupam esse espaço de poder e prestígio a serviço de uma classe dominante que controla seus investimentos a partir do rentismo garantido pela atuação constante como grandes aplicadores no mercado financeiro é outra pergunta relevante nessa abordagem. Ao mesmo tempo, em que medida esses profissionais do setor privado do hipercapitalismo e da tecnocracia pertencem a classe dominante é outra das nossas principais indagações e questões a serem respondidas pela investigação desse grande objeto de pesquisa que envolve relações familiares, nepotismo e espaços de inserção da classe dominante.