As doenças respiratórias crônicas configuram um conjunto de condições de elevada morbidade e impacto socioeconômico, caracterizadas por processos inflamatórios persistentes, remodelamento tecidual progressivo e limitação funcional respiratória. A despeito da ampla utilização de terapias convencionais — como broncodilatadores, corticosteroides e mucolíticos — uma proporção significativa de pacientes permanece refratária às intervenções disponíveis, o que demanda estratégias terapêuticas inovadoras. Nesse contexto, as terapias biológicas emergem como intervenções farmacológicas de alta especificidade, baseadas na modulação seletiva de vias imunológicas e moleculares diretamente implicadas na fisiopatologia dessas enfermidades. Este artigo de revisão narrativa analisa criticamente os fundamentos teóricos, a aplicação clínica e as perspectivas futuras das terapias biológicas no manejo de doenças respiratórias crônicas, com foco em asma grave, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose cística e doenças pulmonares intersticiais. São discutidos os principais alvos terapêuticos, os mecanismos de ação dos agentes aprovados e os desfechos clínicos documentados em ensaios de fase avançada. A análise também contempla os desafios relacionados à heterogeneidade fenotípica dos pacientes, à limitação de biomarcadores preditivos, aos altos custos associados aos agentes biológicos e às lacunas na equidade de acesso terapêutico. A consolidação dessas intervenções exige não apenas avanços no desenvolvimento de novos fármacos, mas também uma reformulação do modelo assistencial, incorporando a medicina de precisão, o uso de tecnologias digitais para monitoramento terapêutico e a integração de políticas públicas que favoreçam a ampliação do acesso. As terapias biológicas representam, portanto, um eixo estruturante da inovação biomédica nas doenças respiratórias crônicas, com potencial de alterar de forma duradoura o curso clínico dessas condições, desde que adequadamente implementadas no contexto clínico e sistêmico.