A premissa da reinserção social no sistema prisional está diretamente ligada à promoção e garantia de direitos fundamentais e inserção em projetos de formação e qualificação relacionados à educação e atividades laborais levando em consideração que o tratamento penal tem como base o tripé da saúde, educação e trabalho. Ainda, a questão do gênero traz particularidades para a pena de privação de liberdade, sobretudo pelo papel social ocupado pela mulher, de cuidadoras da família e em muitos casos de mantenedoras do lar, deixando uma lacuna quando ingressam no sistema penitenciário. No que tange o perfil sociocultural e demográfico das mulheres privadas de liberdade, constata-se que a maioria, são oriundas da parcela mais vulnerável da população, pobres, com filhos, possuem baixa escolaridade (1º graus incompleto), residentes em periferias e algumas, o momento da prisão, se encontravam em situação de rua. Diante da demanda de baixa escolaridade das mulheres reclusas na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, a maior penitenciária feminina do estado do Rio Grande do Sul, percebeu-se a necessidade de ampliar o acesso às práticas sociais educativas não escolares, especificamente a remição pela leitura, propondo-se o Projeto Entrelinhas, com ações voltadas as mulheres privadas de liberdade não alfabetizadas, em fase de alfabetização ou que apresentem alguma deficiência visual ou intelectual, com o intuito de promover, concomitantemente, a remição da pena e o acesso à educação, por meio de atividades lúdicas.