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IDENTIDADES EM RISCO: O DISCURSO DISSONANTE DE CAROLINA MARIA DE JESUS

Este trabalho tem como interesse

auscultar as implicações de uma literatura tida

como “menor” que vem ganhando espaços

de intermediação no cenário nacional. Esse

processo se reflete a partir de algumas

terminologias utilizadas por autores que

se referem a esse procedimento como “as

lutas por autonomia dentro de determinado

campo literário.” (BOURDIEU, 1996, p.63). O

interesse de análise se fixa em outras vozes

dissonantes que circulam dentro do mercado

dos bens simbólicos. A emergência do discurso

de Carolina Maria de Jesus, escritora mineira,

é uma insígnia desses novos tempos, em que

se permite conhecer uma voz que se manifesta

no intuito de “re-historicizar o momento de

‘emergência do signo’, ‘a questão do sujeito’ ou

‘a construção discursiva da realidade social’”.

(BHABHA, 2013, p.66). Cronologicamente, a

narrativa de Carolina Maria de Jesus vem à tona

em um momento instigante da história brasileira

em que lutas se estabelecem tanto no campo

social, político, econômico se estendendo,

sobretudo, no campo cultural. Seu grande

sucesso Quarto de despejo (1960) revela

um discurso em que se expõe a identidade

ameaçada de uma mulher negra e moradora

de favela, que se entende como poetisa e

artista, vivendo em universo atribulado pelos

insultos da fome e da miséria. Sua narrativa se

apresenta como um denso material sociológico

que ganhou notoriedade em um tempo em

que o mundo da favela era desconhecido

e intencionalmente ocultado. Seu relato

contundente do locus de onde fala se coaduna

às correntes teóricas pós-estruturalistas que

permitem discussões sobre outros discursos

que se encontravam anteriormente à margem.

O trabalho que se procura efetuar com a obra

da escritora Carolina Maria de Jesus incide na

iminência de que mais professores, alunos e

comunidade escolar redescubram sua obra, a

fim de que sua identidade não corra risco de

ser ofuscada por um discurso hegemônico

que privilegia certas castas e deslegitima

determinados sujeitos sociais.

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IDENTIDADES EM RISCO: O DISCURSO DISSONANTE DE CAROLINA MARIA DE JESUS

  • DOI: 10.22533/at.ed.64119100714

  • Palavras-chave: identidade, cultura, gênero, Carolina Maria de Jesus, escritora.

  • Keywords: culture; identity; genre; Carolina Maria de Jesus; writer.

  • Abstract:

    This research has as interest to

    listen to the implications of a literature considered

    as “minor” that has been gaining spaces of

    intermediation in the national scenario. This

    process is reflected in some terminologies used

    by authors who refer to this procedure as “the

    struggles for autonomy within a given literary field” (BOURDIEU, 1996, p.63). The

    interest of analysis is fixed in other dissonant voices that circulate within the market of

    the symbolic goods. The emergence of the speech by Carolina Maria de Jesus, a writer

    from Minas Gerais, is an emblem of these new times, in which it is possible to know a

    voice that manifests itself in order to “re-historicize the moment of the emergence of

    the sign,” subject ‘or’ the discursive construction of social reality ‘”. (BHABHA, 2013,

    p.66). Chronologically, the narrative of Carolina Maria de Jesus comes to the fore in

    an exciting moment in Brazilian history in which struggles are established both in the

    social, political and economic field extending, especially, in the cultural area. Its great

    success Quarto de despejo (1960) reveals a speech in which the threatened identity

    of a black woman and favela resident, who understands herself as poetess and artist,

    is exposed in a universe afflicted by the insults of hunger and misery. His narrative

    presents itself as a dense sociological material that gained notoriety at a time when

    the favela world was unknown and intentionally concealed. His strong account of the

    locus from which he speaks is in keeping with the poststructuralist theoretical currents

    that allow discussion of other discourses that were previously on the margin. The stugy

    that seeks to make with the work of the writer Carolina Maria de Jesus focuses on the

    imminence that more teachers, students and school community rediscover their work,

    so that their identity does not run the risk of being overshadowed by a hegemonic

    discourse that privileges certain castrates and delegitimizes certain social subjects.

  • Número de páginas: 15

  • janaína da silva sá
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