Artigo - Atena Editora

Artigo

Baixe agora

Livros

Icterícia obstrutiva intermitente por Fasciolose hepática: tratamento clínico - Relato de caso

Paciente de 75 anos, procedente do interior do Rio Grande do Sul, admitido em 09/04/24 em nosso serviço com quadro de dor em abdome superior e icterícia transitória com 02 dias de evolução, bilirrubina total (BT) de 9.14, transaminases > 3x o limite superior da normalidade, gama glutamiltransferase de 840 e fosfatase alcalina de 188. Tomografia (TC) de abdome com contraste da admissão não identifica alterações hepato-biliares. Realiza colangioressonância a qual identifica fígado de aspecto serpingiforme na periferia posterior do segmento VI/VII. Após confirmação diagnóstica, foi iniciado tratamento com nitazoxanida 500mg de 12/12h por 7 dias. Em 24/04/24 o paciente apresentava-se em melhora clínica e laboratorial, repete a colangioressonância a qual demonstra sinais de regressão dos sinais de atividade inflamatória focal na periferia do segmento VI do fígado e linha curvilínea residual, sem evidência de cálculos no colédoco. Então, recebe alta hospitalar para seguimento ambulatorial. A fasciolíase é uma zoonose causada pelo trematódeo F. hepatica, que possui como hospedeiros intermediários moluscos (Lymnaea) e ruminantes como hospedeiros definitivos. Os humanos podem virar hospedeiros acidentais ao consumir água ou vegetais contaminados com metacercáreas. Por não ser uma doença de notificação compulsória desconhecemos a incidência da doença no país. Uma revisão identificou 66 casos relatados no Brasil no período de 1958 a 2022, com maior incidência nos estados do Sul. Clinicamente, pode ser assintomática, aguda ou crônica. A fase aguda ocorre 6 a 12 semanas após a infecção e cursa com febre, dor abdominal, hepatomegalia e eosinofilia. A fase crônica, ocorre de 6 meses a 10 anos, apresenta sintomas semelhantes. Uma revisão dos achados radiográficos na fasciolíase observou que múltiplas lesões nodulares e ramificadas pequenas (até 25 mm de diâmetro) foram os achados mais comuns; estas ocorrem frequentemente na área subcapsular do parênquima hepático. Na maioria das vezes, parecem hipoecoicas na ultrassonografia, hipodensas na TC e hiperintensas em T2 e hipointensas em T1 na RM. O realce periférico nas imagens pós-contraste é característico. A TC pode demonstrar nódulos hipodensos característicos ou trajetos tortuosos devido à migração do parasita através do fígado. A colangiografia e a CPRE podem demonstrar vermes móveis em forma de folhas nos ductos biliares e na vesícula biliar.
Ler mais

Icterícia obstrutiva intermitente por Fasciolose hepática: tratamento clínico - Relato de caso

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.9481625010813

  • Palavras-chave: Fasciolíase - Zoonose - Saúde pública

  • Keywords: Fascioliasis - Zoonosis - Public health

  • Abstract: A 75-year-old patient from the interior of Rio Grande do Sul was admitted to our service on 04/09/24 with upper abdominal pain and transient jaundice of 2 days evolution, total bilirubin (TB) of 9.14, transaminases > 3x the upper limit of normal, gamma glutamyltransferase of 840 and alkaline phosphatase of 188. Abdominal tomography (CT) with contrast on admission did not identify hepatobiliary alterations. A cholangiography resonance was performed, which identified a serpingiform liver in the posterior periphery of segment VI/VII. After diagnostic confirmation, treatment with nitazoxanide 500mg twice daily for 7 days was initiated. On April 24, 2024, the patient showed clinical and laboratory improvement. A repeat cholangiography scan showed signs of regression of focal inflammatory activity in the periphery of segment VI of the liver and a residual curvilinear line, with no evidence of common bile duct stones. He was then discharged for outpatient follow-up. Fascioliasis is a zoonosis caused by the trematode F. hepatica, whose intermediate hosts are mollusks (Lymnaea) and ruminants as definitive hosts. Humans can become accidental hosts by consuming water or vegetables contaminated with metacercariae. Because it is not a notifiable disease, the incidence of the disease in Brazil is unknown. A review identified 66 cases reported in Brazil from 1958 to 2022, with a higher incidence in the southern states. Clinically, it can be asymptomatic, acute, or chronic. The acute phase occurs 6 to 12 weeks after infection and presents with fever, abdominal pain, hepatomegaly, and eosinophilia. The chronic phase, occurring from 6 months to 10 years, presents with similar symptoms. A review of radiographic findings in fascioliasis observed that multiple small, branching, nodular lesions (up to 25 mm in diameter) were the most common findings; these often occur in the subcapsular area of the liver parenchyma. They most often appear hypoechoic on ultrasound, hypodense on CT, and hyperintense on T2-weighted images and hypointense on T1-weighted MRI. Peripheral enhancement on post-contrast images is characteristic. CT may demonstrate characteristic hypodense nodules or tortuous pathways due to parasite migration through the liver. Cholangiography and ERCP may demonstrate motile, sheet-like worms in the bile ducts and gallbladder.

  • Eduarda Ferretti
  • Barbara Cardozo Fernandes
  • Naimara Ronsoni Rigo
  • Paula Luza Korsack
  • EVANDRO JOSÉ WALCZAK
Fale conosco Whatsapp