HORMONIOTERAPIA PARA PESSOAS TRANS NO BRASIL: UMA REVISÃO DOS PROTOCOLOS NACIONAIS
Transgênero refere-se a quem apresenta discordância entre o gênero atribuído ao nascimento e o gênero com o qual se identifica. Atualmente, o país dispõe de um total de 12 estabelecimentos de Atenção Especializada habilitados e 14 serviços instalados por iniciativa local, responsáveis pelo acolhimento clínico e pela hormonização. A literatura relativa à saúde desta população apresenta-se mundialmente escassa. A instituição do Processo Transexualizador no SUS em 2013 marca a escalada na publicação de artigos brasileiros. A necessidade de padronização dos atendimentos motivou a busca pelos protocolos brasileiros de hormonioterapia (HT) para população trans disponíveis on-line. Para isso, inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica que abarcou artigos que discorressem sobre aspectos de saúde da população transgênero nas bases de dados Pubmed, CAPES e Scielo. Os protocolos citados por esses artigos foram então somados àqueles localizados pela busca pelo termo “Protocolo de Hormonioterapia para População Trans” em pesquisa simples no Google. Foram encontrados três documentos: “Posicionamento Conjunto - Medicina Diagnóstica inclusiva: cuidando de pacientes transgênero”, de 2019, do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por imagem e das Sociedades Brasileiras de Patologia Clínica e de Endocrinologia e Metabologia; “Protocolo do Ambulatório Multiprofissional para o Atendimento de Travestis e Transexuais - HUMAP”, de 2018, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; e “Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo”, de 2020, da Secretaria Municipal da Saúde (SEMUSA) da cidade. Realizou-se a análise crítica comparativa das indicações, contraindicações, fármacos com posologias, efeitos esperados, possíveis efeitos colaterais e recomendações para monitoramento clínico e laboratorial da HT. Percebemos, com satisfação, a grande qualidade técnica dos protocolos. Entretanto, falta ainda padronização em cada um dos quesitos avaliados. A uniformização das recomendações suscitaria um aumento na qualidade da assistência prestada.
HORMONIOTERAPIA PARA PESSOAS TRANS NO BRASIL: UMA REVISÃO DOS PROTOCOLOS NACIONAIS
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DOI: 10.22533/at.ed.66221100911
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Palavras-chave: Pessoas Transgênero; Protocolos Clínicos; Serviços de Saúde para Pessoas Transgênero
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Keywords: Transgender People, Clinical Protocols, Health Services for Transgender People.
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Abstract:
Transgender refers to those who present unconformity between the gender attributed at birth and the gender with which they identify. Currently, Brazil counts with 12 Health Ministry enabled Specialized Care establishments and 14 services installed by local initiatives, responsible for clinical care and hormone therapy (HT). The literature regarding this population's health is scarce worldwide. The implementation of the Transexualizer Process in the Sistema Único de Saúde (SUS) in 2013 marks the ascent in the publication of national articles. The need for standardization of care motivated the online search for brazilian HT protocols for the trans population. Initially, a literature review was performed in order to detect any paper regarding health aspects of the transgender population in Pubmed, CAPES, and Scielo databases. The cited protocols in the retrieved papers were added to those localized by a simple Google search with the term “Protocolo de Hormonioterapia para População Trans”. Three documents were found: “Posicionamento Conjunto - Medicina Diagnóstica inclusiva: cuidando de pacientes transgênero” published in 2019 by the Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por imagem and the Sociedades Brasileiras de Patologia Clínica e de Endocrinologia e Metabologia; “Protocolo do Ambulatório Multiprofissional para o Atendimento de Travestis e Transexuais - HUMAP” published in 2018 by the Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; and “Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo” published in 2020 by the city’s Secretaria Municipal de Saúde. A comparative critical analysis of indications, contraindications, drugs, dosages, expected effects, possible side effects and recommendations for clinical and laboratory monitoring of HT was carried out. The technical quality of the protocols was a fortunate realization. However, there is still a lack of alignment in each of the evaluated items. Standardizing the recommendations could evoke an increase in the quality of the care provided.
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Número de páginas: 19
- Aisha Aguiar Morais
- Fabíola Ferreira Villela
- Ives Vieira Machado
- Sarah de Farias Lelis
- Vitória Rezende Rocha Monteiro
- Natália Bahia de Camargos