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História e Culturas dos Povos Ciganos brasileiros: descolonizando o currículo

Em tempos atuais torna-se cada vez mais necessária a implementação de políticas públicas educacionais de promoção da equidade étnico-racial. Nessa empreitada, as pautas dos Povos Roma (Povos Ciganos) apresentam avanços com a proposta de obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Cigana brasileira no currículo escolar (PL 1387/2022). Os povos ciganos integram a categoria dos Povos e Comunidades Tradicionais brasileiros, que atualmente reivindicam reconhecimento e direitos sociais. A situação de vulnerabilidade dos ciganos é resultante do anticiganismo, da falta de investimento em políticas públicas e do desconhecimento de sua história milenar. Variadas fontes históricas (decretos régios, correspondências ultramarinas, relatos de viajantes, iconografias, tradição oral) comprovam que a presença cigana no Brasil se iniciou com a chegada dos Calons degredados durante o primeiro século de colonização portuguesa na América. Nas cidades coloniais do Rio de Janeiro e de Salvador os povos ciganos construíram territorialidades étnicas, integraram as fortificações costeiras, trabalharam em obras públicas e realizaram diversos espetáculos culturais, originando a tradição circence na América. Ora, se os povos ciganos há séculos participam dos processos históricos de formação do Brasil, por que aprendemos tão pouco sobre as suas contribuições? Afinal, o que sabemos sobre os povos ciganos brasileiros? Onde estão os povos ciganos nos livros didáticos? Com base nessas questões centrais o presente artigo problematizará a construção histórica da categoria dos povos genericamente conhecidos como “povos ciganos” e apresentará a importância da epistemologia decolonial para a consolidação do campo da História Romani (História Cigana) e para o desenvolvimento de materiais educativos voltados ao Ensino de História e Culturas dos Povos Ciganos nos bancos escolares brasileiros.
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História e Culturas dos Povos Ciganos brasileiros: descolonizando o currículo

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.3051125210112

  • Palavras-chave: Povos e Comunidades Tradicionais; Povos Ciganos; História Cigana; História do Circo; Educação Antirracista.

  • Keywords: Traditional Peoples and Communities; Gypsy People; Gypsy History; History of the Circus; Anti-Racist Education.

  • Abstract: In current times, it is increasingly necessary to implement public educational policies to promote ethnic-racial equity. In this endeavor, the agendas of the Roma Peoples (Gypsy Peoples) present advances with the proposal to make the teaching of Brazilian Gypsy History and Culture mandatory in the school curriculum (PL 1387/2022). Gypsy people are part of the category of Brazilian Traditional Peoples and Communities, which are currently demanding recognition and social rights. The vulnerable situation of gypsies is the result of anti-gypsyism, lack of investment in public policies and ignorance of their ancient history. Various historical sources (royal decrees, overseas correspondence, travellers' reports, iconography, oral tradition) prove that the gypsy presence in Brazil began with the arrival of the exiled Calons during the first century of Portuguese colonization in America. In the colonial cities of Rio de Janeiro and Salvador, gypsy people built ethnic territories, integrated coastal fortifications, worked on public works and performed various cultural shows, originating the circus tradition in America. Now, if gypsy people have participated in the historical processes of formation of Brazil for centuries, why do we learn so little about their contributions? After all, what do we know about Brazilian gypsy people? Where are the gypsy people in textbooks? Based on these central questions, this article will problematize the historical construction of the category of peoples generically known as “gypsy peoples” and will present the importance of decolonial epistemology for the consolidation of the field of Romani History (Gypsy History) and for the development of educational materials aimed at Teaching the History and Cultures of Gypsy Peoples in Brazilian schools.

  • Natally Chris da Rocha Menini
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